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Leilão de linhas de transmissão registra deságio médio de 20%

Por Denise Luna (Broadcast)
Atualização:

As estatais tiveram uma participação tímida no leilão de linhas de transmissão de energia realizado pelo governo brasileiro nesta sexta-feira, deixando para as empresas privadas nacionais e estrangeiras a maioria dos 12 lotes ofertados e totalmente vendidos. As empresas terão agora de 15 a 36 meses para iniciar as operações, que demandarão investimentos totais estimados em 2,86 bilhões de reais. Houve deságio em relação à receita máxima permitida pelo governo em todos os lotes vendidos, registrando uma média de 20,18 por cento. O percentual de deságio, no entanto, foi bem menor que no último leilão de linhas, em novembro do ano passado, no qual a participação agressiva de empresas estatais puxou o deságio para mais de 50 por cento. "Foi um sucesso absoluto...o deságio foi menor porque partiu de um nível mais baixo de preços", afirmou a jornalistas o ministro interino de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, logo após o leilão. O critério para a aquisição no leilão é a menor receita anual que o investidor aceita receber. A Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (CTEEP) foi a que mais arrematou. Privatizada há dois anos, a empresa levou cinco dos doze lotes ofertados, pagando o maior e o menor deságio registrados no leilão. O maior deságio, de 51,27 por cento, foi pago pelo lote de linhas em São Paulo que passa pelos municípios de Mirassol, Guaimbé e Araras, e o menor, de 0,39 por cento, por um trecho no Rio Grande do Sul, de Nova Santa Rita a Sapucaia do Sul. A empresa vai construir ainda uma linha que vai de Curitiba a Urussanga, em Santa Catarina, e mais dois trechos em São Paulo, um de Atibabia a Bragança Paulista e outro de Piratininga a São Paulo, que vão reforçar o sistema do Estado, maior consumidor de energia no país. "Eram lotes muito importantes e desejados desde há muito tempo...são obras que já teriam sido no passado concedidas diretamente à Cteep, porque tratam-se de reformas e ampliações necessários ao crescimento vegetativo do sistema", disse após o leilão o presidente da Cteep, José Sidnei Martini. "Esse é o caso de Piratininga, por exemplo, que vai nos auxiliar muito no Sul e Sudeste da região de São Paulo", completou. ESTRANGEIRAS A espanhola Isolux levou duas linhas de transmissão no Norte do país e que serão integradas ao Sistema Interligado Nacional (SIN), ajudando a eliminar anos de custo elevado para a operação energética na região. A empresa vai construir uma linha que vai de Tucuruí a Vitória do Pará, no Pará, e outra no mesmo Estado que vai até o Amapá. Ja o consórcio Amazonas, formado pela Eletronorte, Chesf, a espanhola Abengoa e um fundo de investimento, vai fazer o trecho que liga o Pará a Manaus, no Amazonas, ligando o sistema isolado do Norte do país. O consórcio Amazonas ofereceu deságio de 7 por cento sobre a receita anual permitida pela Aneel, a agência reguladora do setor, totalizando uma oferta de 101,6 milhões de reais. A também espanhola Elecnor arrematou dois lotes, um no Rio de Janeiro, de Itaboraí e Cachoeiras de Macacu, e outro de Cachoeira Alta, em Goiás, até Santa Vitória, em Minas Gerais. O deságio ofertado pelo último techo foi de 45 por cento e pelo primeiro, de 28,5 por cento. De acordo com o ministro interino de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, a interligação com o sistema isolado do Norte do país vai reduzir as contas de energia do consumidor. Segundo cálculos da Aneel, quando essas linhas entrarem em operação em 2011, o consumidor terá uma redução de 1,5 bilhão de reais referente aos gastos incluídos nas contas com a operação do sistema isolado do Norte do país. "Quando entrar em operação, o sistema isolado vai estar 80 por cento ligado ao sistema (elétrico) do país", disse Zimmermann, explicando que os 20 por cento restantes continuarão impactando as contas porque não são possíveis de serem ligados ao sistema. O leilão, o maior já realizado pela Aneel, ofertou uma extensão total de quase 3 mil quilômetros de linhas de transmissão, equivalente à distância do Rio de Janeiro ao Maranhão.

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