PUBLICIDADE

Leilão de petróleo rende meio bilhão; Petrobras domina

Por Agencia Estado
Atualização:

Mesmo com um impasse jurídico e protestos nacionalistas, o leilão da Agência Nacional de Petróleo (ANP) realizado nesta terça-feira rendeu R$ 496,29 milhões, com a concessão de 26.558 quilômetros quadrados distribuídos em 16 setores de bacias para a exploração de petróleo e gás. Foram leiloados neste primeiro dia 412 blocos, dos quais 81 foram arrematados por 14 empresas. A Petrobrás gastou, sozinha ou com parceiros, R$ 280 milhões para levar 61 blocos. Nove multinacionais, entre gigantes como a Shell e empresas de médio porte como a americana Kerr Mcgee, saíram com novas concessões de petróleo e gás. O leilão continua nesta quarta-feira, quando serão leiloados mais 12 setores, com cerca de 500 blocos. A estatal manteve uma postura agressiva para adquirir blocos perto das recentes descobertas feitas nas Bacias de Campos, Espírito Santo e Sergipe-Alagoas, em áreas onde deteve a concessão até agosto de 2003. "A lei determinava que devolvêssemos as áreas e só pudemos ficar com as descobertas feitas", disse o gerente executivo de exploração e produção da Petrobras, Francisco Nepomuceno. A maior derrota da estatal foi para um consórcio estrangeiro liderado pela americana Devon, com a coreana SK, a canadense EnCana e a americana Kerr McGee, que levou um bloco vizinho aos campos produtores de Jubarte e Cachalote, na Bacia de Campos, no Rio. A Petrobras partiu também para novas fronteiras exploratórias no País e a escolhida foi a Bacia de Pelotas, no Rio Grande do Sul. Os seis blocos adquiridos pela estatal nesta região foram os primeiros já arrematados em Pelotas desde a abertura do setor de petróleo, em 1997. A estatal surpreendeu também por ter ficado com os campos maduros - em fase de declínio de produção - segmento do qual a estatal se afastaria, de acordo com decisão tomada pela diretoria anterior. Na Bacia Potiguar, a Petrobras chegou a pagar R$ 4,9 milhões, apesar de o preço mínimo ser de R$ 10 mil (ágio de 48.900%). Os próximos e o exemplo O governo analisa a possibilidade de ampliar o prazo entre os leilões de áreas para exploração de petróleo, realizadas anualmente pela ANP desde 1999. Segundo a secretária de petróleo e gás do Ministério de Minas e Energia, Maria das Graças Silva Foster, o Brasil está chegando à auto-suficiência na produção de petróleo e pode não mais precisar conceder áreas exploratórias todos os anos. "Até agora, o espírito da ANP era exploracionista, ou seja, tinha de licitar todos os anos. Agora, quando estamos quase na auto-suficiência, precisamos planejar melhor o desenvolvimento das reservas", disse. O leilão brasileiro está servindo de exemplo para países como a Nigéria e o México. Hoje, uma delegação nigeriana e outra mexicana estiveram no Rio para acompanhar o leilão. A Nigéria já está estabelecida como um dos países mais atrativos para o capital estrangeiro do setor. Já o México planeja abrir a exploração de petróleo a companhias privadas e foi observar o modelo brasileiro, em vigor desde 1997. Protesto Enquanto no interior do hotel Sheraton, na zona sul do Rio, executivos de petroleiras discutiam com as matrizes no exterior a participação na licitação, do lado de fora uma centena de manifestantes do Sindicato dos Petroleiros e do MST, gritando palavras de ordem contra a entrega do petróleo brasileiro a estrangeiros, provocou grande engarrafamento ao fechar uma das pistas da avenida Niemeyer.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.