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Leilão de transmissão de energia tem dois lotes sem lances

Na próxima disputa, em abril, a Aneel pretende melhorar o retorno ao investidor

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Por Redação
Atualização:

O primeiro leilão de transmissão de 2015 teve a espanhola Cymi Holding e CPFL Geração como vencedoras e dois lotes sem interessados que serão incluídos no próximo leilão, em abril, quando as condições para os investidores devem ser melhoradas.

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Foram oferecidos quatro lotes para licitação no certame, com um total de 905 quilômetros de linhas de transmissão e investimentos que somariam R$ 1,7 bilhão. O mercado já esperava cautela por parte dos investidores diante das taxas de retorno possíveis na disputa, que não estariam de acordo com o aumento da percepção de risco.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que já estava avaliando readequações para leilões de transmissão futuros, informou que o custo médio ponderado de capital dado pelo WACC deverá ser elevado para o próximo certame, o que pode colaborar para elevação das Receitas Anuais Permitidas (RAP).

 Foto: Marcelo Min/Divulgação

“Para o leilão que vamos realizar em abril, certamente, haverá diferenças ... Esse WACC será alterado um pouco para maior. A nossa expectativa é que o WACC seja aumentado, mas o porcentual específico nós não temos ainda”, disse o diretor da Aneel Reive Barros após o leilão.

Outros temas que estão sendo reavaliados pela Aneel são problemas relacionados ao licenciamento ambiental e tempo necessário para entrega de equipamentos.

No leilão desta sexta-feira, dois lotes - o F, em Rondônia, e o J, em Goiás - não receberam lances. O diretor da Aneel André Pepitone disse que isso não tem relação com o valor da RAP estabelecida pela agência para a competição.

“Entendemos que (as RAPs) têm um valor adequado...são questões de equipamentos. Há uma questão de prazos envolvidos, de fornecimento pela indústria, e talvez isso aí tenha afetado esses dois lotes. É o que a gente vai reavaliar para voltar com esses dois lotes já no leilão de abril”, disse.

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O lote F vai permitir o escoamento da expansão das usinas do rio Madeira para as regiões Sudeste e Centro-Oeste. Já o lote J é importante para o controle de tensão de forma a estabilizar a interligação Norte-Sul, reforçando o sistema para o deslocamento de energia da hidrelétrica Belo Monte.

O leilão desta sexta-feira deveria ter ocorrido em dezembro do ano passado, mas a agência decidiu adiá-lo para este ano e excluiu seis lotes da competição para reavaliar as condições antes de licitá-los. O próximo leilão, em abril, além dos empreendimentos não licitados no leilão desta sexta-feira deverá contar com os outros seis lotes que foram excluídos.

“O grande desafio é que nós vamos acrescentar ao leilão de 2015 todos esses empreendimentos que não foram licitados em 2014 ... A avaliação que estamos fazendo é se vamos fazer um grande leilão em abril, considerando o que estava previsto para 2015 e o remanescente de 2014, que dá um valor considerável de investimentos, de R$ 10 bilhões, ou se vamos partilhar em dois leilões, um em abril e um em junho”, disse Reive Barros, da Aneel.

O número de R$ 10 bilhões em investimentos previstos nos empreendimentos a serem licitados em 2015 não inclui o segundo circuito de Belo Monte, que deverá ser licitado no fim do primeiro semestre ou início do segundo semestre, segundo o secretário-adjunto de Planejamento Energético do Ministério de Minas e Energia, Moacir Bertol.

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Esse será um dos principais empreendimentos de transmissão a ser leiloado em 2015, com mais de 2 mil quilômetros de extensão de linha.

Vencedoras. O principal lote do leilão, que irá conectar parques eólicos localizados na Bahia para o escoamento da energia elétrica ao Sistema Interligado Nacional, ficou com a espanhola Cymi, que apresentou um lance de RAP de R$ 144,6 milhões, representando um deságio de 1,51% ante o máximo permitido.

Já a CPFL Geração, do grupo CPFL Energia, levou o lote I, em São Paulo, com deságio de 32,59%. A empresa receberá uma RAP de R$ 10,8 milhões por ano quando o empreendimento estiver em operação.

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Formado pela subestação Morro Agudo, o lote I reforçará o suprimento de energia às cargas da região nordeste da CPFL, ajudando no escoamento de energia de biomassa de cana-de-açúcar.

“Pra nós, o importante é a razão daquele empreendimento para o sistema elétrico em que a CPFL atua. Nosso lance foi bem agressivo, nós não economizamos, na medida em que entendemos que deve ser feito o melhor lance possível”, disse o diretor de Engenharia da CPFL Energia, Paulo Bombassaro. Representantes da Cymi não estavam presentes na coletiva de imprensa após o leilão.

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Fontes de financiamento. Além de não ter ocorrido mudança nas condições do leilão em relação ao último realizado no ano passado, em que cinco lotes ficaram sem interesse, o leilão desta sexta-feira ainda teve uma redução da disponibilidade do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para financiamentos.

O banco de fomento anunciou na quinta-feira redução na sua participação nos financiamentos para até 50% e aumento na sua taxa de remuneração básica para 1,2% ao ano. Além disso, a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) está mais alta, a 5,5%.

Reive Barros, da Aneel, disse que essa mudança para financiamentos do BNDES também é um fato que será considerado nas reavaliações de condições dos próximos leilões de transmissão. “O ideal é que tivessem outras fontes de financiamento. Mas essa é uma questão que a Aneel não tem controle”, disse.

O leilão desta sexta-feira contou com poucos lances, sendo que no primeiro lote licitado, o A, não houve competição. O outro lote vencido pela CPFL contou com apenas mais um lance, da espanhola Abengoa, que ofereceu deságio de 0,99%.

A Eletrobrás, uma das principais investidoras do setor de transmissão, informou na quarta-feira que ficaria de fora, para focar-se nas obras atrasadas e guardar fôlego para leilões futuros, de maior interesse.

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