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Levando as crianças de lá para cá

Startups lançam apps de transporte para menores, mas não empolgam

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Por Redação
Atualização:

A expressão “helicopter parent”, aplicada a pais superprotetores, é pejorativa. Mas a maioria dos pais bem que gostaria de ter a ajuda de um helicóptero de resgate para correr com a criançada da escola para o treino de futebol e de lá para a aula de piano. Levar as crianças aonde elas precisam ir é fonte de dores de cabeça para pais e mães que trabalham fora. Os aplicativos de transporte individual, como Uber e Lyft, facilitam a vida dos adultos. Mas, segundo o regulamento dessas empresas, seus motoristas não devem transportar menores desacompanhados.

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O transporte de crianças é um mercado promissor. Nos EUA, o valor é estimado em US$ 50 bilhões, segundo Ritu Narayan, fundador da Zum, startup que tenta explorar esse tesouro. O serviço oferecido é similar ao do Uber, com a diferença de que os pais podem agendar viagens para os filhos. As crianças têm uma senha para identificar o motorista e os pais recebem alertas que lhes permitem supervisionar a viagem do início ao fim.

Annette Yolas, que trabalha na gigante de telecomunicações AT&T, diz gastar cerca de US$ 200 por mês com o app HopSkipDrive, que opera em cidades da Califórnia, para que seus filhos sejam levados ao ponto do ônibus escolar e às aulas de dança. Segundo ela, é uma “mão na roda”. Já as crianças, especialmente as adolescentes, são poupadas do constrangimento de que os colegas vejam a chegada do pai ou mãe que veio buscar o “filhinho”.

O problema é que os aplicativos de transporte para crianças correm o risco de acabar como os meninos da Terra do Nunca: para sempre na infância. Um de seus desafios é atrair quantidade suficiente de motoristas. Os usuários recorrem a esse tipo de serviço em momentos específicos do dia: antes e depois do horário escolar. Isso restringe o número de viagens que cada motorista pode fazer.  Ademais, se atrasos ou cancelamentos são motivo de irritação para os adultos, suas consequências podem ser desastrosas quando o passageiro é uma criança. O Shuddle, um dos primeiros aplicativos de transporte para menores, que saiu do mercado em 2016, colecionava só duas estrelas no site de avaliação de serviços Yelp, justamente por essa razão.

Isso não parece desanimar o Uber, que em breve deve lançar um programa piloto para adolescentes. É possível que os pais se sintam menos receosos de recorrer aos serviços de uma empresa com a qual já estão familiarizados. Para os aplicativos especializados no transporte de crianças, a disputa por usuários e investimentos tende a se tornar ainda mais acirrada. No Vale do Silício, os ventos já não andam favoráveis a pequenas startups que oferecem serviços. Segundo o empresário Sean Behr, que comanda o Stratim, um aplicativo de manobristas, “não é dizendo que vai ser o Uber de determinado ramo que a pessoa consegue arrancar algum dinheiro dos investidores”. Ah, como essa gente grande é chata.

© 2016 THE ECONOMIST NEWSPAPER LIMITED. DIREITOS RESERVADOS. TRADUZIDO POR ALEXANDRE HUBNER, PUBLICADO SOB LICENÇA. O TEXTO ORIGINAL EM INGLÊS ESTÁ EM WWW.ECONOMIST.COM

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