Um estudo da consultoria Control Risks e o escritório internacional de advocacia Simmons & Simmons, no qual foram entrevistados 350 executivos de sete países, constatou que 42% das empresas brasileiras alegam terem deixado de fechar um contrato porque um competidor pagou propinas nos últimos doze meses. Nos últimos cinco anos, o número médio de empresas brasileiras que se viram nesta situação era menor, de 38%, o que sugere, segundo os autores do estudo, que a corrupção no País "está piorando". Nos dados relativos aos últimos doze meses, a corrupção no Brasil foi apenas superada pela de Hong Kong, onde 66% das empresas afirmam que perderam negócios por se negarem a pagar subornos. Já quando se leva em conta a média dos últimos cinco anos, o Brasil ocupa apenas a quarta pior colocação entre os sete países avaliados. Hong Kong (76%) também é o destaque negativo nesse caso, seguido pela Holanda (46%) e Estados Unidos (44%). Na quinta posição ficou a Alemanha (36%), seguida pela França (34%) e Reino Unido (26%). Preocupação Os autores do estudo afirmaram que o nível de corrupção no Brasil está começando a preocupar a comunidade empresarial do País. Segundo a Control Risks, as somas de dinheiro envolvidas nos atos de corrupção são muito elevadas. Um dos 50 executivos entrevistados no Brasil, cuja identidade não foi revelada, disse que a utilização de intermediários "era o principal caminho para se contornar as regras" e "uma maneira muito eficiente para lavar suas mãos". O estudo constatou que parte da responsabilidade por essa situação pode ser atribuída às empresas brasileiras. Apenas 12% delas revisaram suas práticas anticorrupção nos últimos três anos, apesar do maior rigor da legislação internacional nessa área. Além disso, apenas 18% dos grupos brasileiros possuem programas de treinamento criados para ajudar seus executivos a evitarem a corrupção. Os executivos brasileiros são também os mais pessimistas com a eficiência das leis anticorrupção, com 38% acreditando que o problema na verdade vai piorar. Muito dinheiro A média das empresas nos sete países que afirmam ter sido vítimas de corrupção nos últimos cinco anos foi de 43%. Cerca de 10% dos entrevistados calculam que as propinas podem representar até metade dos custos dos projetos em disputa. Os setores de petróleo, gás, mineração e construção foram identificados como os mais vulneráveis à corrupção por causa do elevado custo de seus projetos e dos poderes acumulados por funcionários governamentais geralmente mal pagos, que podem ser mais suscetíveis ao suborno. "Nossa pesquisa mostrou que a corrupção continua sendo um enorme problema internacional e que empresas honestas ainda estão perdendo negócios para competidores desonestos em grande escala", disse John Gray, especialista em corrupção da Control Risks.