PUBLICIDADE

EXCLUSIVO PARA ASSINANTES
Foto do(a) coluna

Jornalista e comentarista de economia

Opinião|Leve recuperação

A produção industrial aumentou pelo quarto mês seguido e a percepção é a de que ano fechará com algum progresso

Foto do author Celso Ming
Atualização:

A indústria apresentou em junho o quarto mês consecutivo de aumento da produção, conforme mostrou na terça-feira, 02, o IBGE. Mas ainda não dá para sentir firmeza na recuperação.

Continua pesando o enorme tombo acumulado, de mais de 18% quando medido com base no melhor nível ocorrido em junho de 2013. Os resultados de junho são 1,1% melhores do que os de maio, mas o primeiro semestre deste ano foi ruim: queda de 9,1% em relação ao primeiro semestre de 2015. No período de 12 meses terminado em junho, o recuo é de 9,8%.

 Foto:

PUBLICIDADE

A percepção é a de que o ano fechará com algum progresso. O mercado, aferido pela Pesquisa Focus conduzida pelo Banco Central, projeta para todo este ano uma queda física da produção industrial de 5,95%. A aposta é a de que, em 2017, haverá uma razoável melhora, de 0,75% em relação à produção acumulada neste ano, mas, ainda assim, longe do que já foi a indústria brasileira.

O que já dá para dizer é que a situação da indústria parou consistentemente de piorar, em parte graças ao aumento da confiança que, por sua vez, tem a ver com o afastamento do governo da presidente Dilma e a entrega do comando da economia para uma equipe mais gabaritada.

Mas as incertezas que cercam a economia continuam enormes. Se o presidente Temer for confirmado no cargo para completar o mandato até fim de 2018, hipótese fortemente provável, será preciso ver primeiro como o Congresso equacionará o principal problema da economia brasileira, que é o enorme rombo fiscal. Qualquer frustração séria nesse ponto poderá botar muita coisa a perder.

Publicidade

A causa maior da frustração do desempenho da indústria é a desastrada política econômica praticada no primeiro período Dilma. E está associada à recessão ou, mais particularmente, à queda do consumo que, por sua vez, tem a ver com o aumento do desemprego, com a perda de renda e excessivo endividamento familiar.

Como o Brasil está viciado em políticas setoriais ou coisas dessa ordem, muita gente imagina que a recuperação depende de correções na política industrial ou, até mesmo, depende de uma nova política industrial.

Em geral, quem pensa assim deixa de levar em conta que o melhor terreno para o avanço da indústria são fundamentos fortes de toda a economia que deem previsibilidade aos investimentos e aos negócios, e não expedientes que garantam, temporariamente, a derrubada dos juros, a desvalorização do real, reservas de mercado e proteção aduaneira.

Para uma recuperação consistente da indústria não será preciso que as atuais mazelas da economia, especialmente, o rombo das contas públicas e a disparada da dívida, estejam definitivamente resolvidas. Bastará que haja um encaminhamento sólido das soluções.

Para isso, não bastará competência da equipe econômica. Será preciso forte apoio político para que o Congresso aprove não só o Projeto de Emenda à Constituição (PEC) que limita o aumento das despesas públicas à inflação passada, mas, também, que avance nos projetos de reforma. Não há certeza sobre nada disso.

Publicidade

 Foto:

Veja o comportamento das vendas de veículos em junho e julho.

Melhorou

A Fenabrave, a entidade que cuida dos interesses das distribuidoras de veículos, confirmou uma boa reação das vendas em julho: aumento de 5,6% somados os segmentos de autos, caminhões, ônibus e motos. Mas o setor ainda está longe da recuperação. Nos sete primeiros meses do ano, a queda de vendas é de 24,7% quando comparada com o que aconteceu em igual período de 2015. Outro bom sinal é a melhora das vendas de caminhões. Implica mais investimento.

Opinião por Celso Ming

Comentarista de Economia

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.