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Liberação de compulsório já soma R$ 91 bilhões, diz Meirelles

Segundo presidente do BC, depósitos, que foram critcados no passado, se mostraram importantes contra a crise

Por Fernando Nakagawa , Fabio Graner , Leonardo Goy e da Agência Estado
Atualização:

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou nesta quarta-feira, 26, que os depósitos compulsórios liberados pela autoridade monetária até o dia 21 de novembro somam R$ 91 bilhões. Além disso, a injeção de recursos no mercado de câmbio para promover liquidez em dólares já soma US$ 18,5 bilhões.   Veja também: Entenda o depósito compulsório e suas influências na economia De olho nos sintomas da crise econômica  Lições de 29 Como o mundo reage à crise  Dicionário da crise  Meirelles disse que os compulsórios, que no passado eram criticados, se mostraram importantes neste momento de crise já que permitiram que, para que se lutasse contra o aperto de liquidez, fossem utilizados recursos dos próprios bancos. De acordo com ele, em outros países que não dispõem de compulsório os governos tiveram que injetar recursos dos contribuintes. O presidente do BC informou também que a atuação de prover liquidez para os bancos pequenos e médios disponibilizou para este grupo R$ 29,5 bilhões. Além disso, o BC também disponibilizou ao mercado R$ 6 bilhões em liquidez para compra de dólares com compromisso de revenda. Na avaliação de Meirelles, com as medidas adotadas o aperto de liquidez "já foi em larga medida superado", embora possa haver alguma instituição que ainda esteja em situação desconfortável. "Mas a preocupação mais importante já está endereçada", afirmou. Meirelles ressaltou ainda que o crédito, depois de ter uma situação mais difícil no início de outubro, já está se recuperando. "Não atingimos ainda o patamar anterior ao início da crise, mas estamos claramente em trajetória de recuperação gradual", disse o presidente do BC que mencionou o crescimento de 5,7% nas concessões de novos empréstimos nos oito primeiros dias úteis de novembro. Ele ressaltou também que os dados sobre inadimplência e qualidade do crédito mostram que o mercado brasileiro de financiamento é "solvente e saudável e não pode ser comparado com outras economias que estão com problemas". Além disso, Meirelles lembrou que o índice de capitalização do sistema financeiro brasileiros estava em 15,8% em junho, acima, portanto, das exigências internacionais. Swap Em audiência no Congresso, Meirelles, anunciou também que as operações de swap cambial deram um lucro de R$ 5,098 bilhões desde 2002, quando foram iniciadas, até 31 de outubro deste ano. Somente neste ano, também até o fim de outubro, o swap deu ao BC um ganho de R$ 5,922 bilhões. Somente no segundo semestre até 31 de outubro, essas operações deram um resultado positivo de R$ 11,140 bilhões. Já o resultado das reservas internacionais mostrou-se positivo em R$ 63,129 bilhões no ano até 31 de outubro. Apenas no segundo semestre, até o fim de outubro, as reservas deram um resultado positivo de R$ 102,709 bilhões. Meirelles esclareceu que esse forte resultado das reservas no semestre decorreu da valorização da cotação do dólar. Ao iniciar seu balanço das atividades do BC em audiência pública periódica no Congresso para prestar contas, o presidente do BC deixou claro que as operações de swap não têm por objetivo dar lucro, "mas proteger o País". "O swap cambial é um instrumento para dar mais liquidez ao mercado", disse. Ele também reiterou que o Banco Central teve um resultado líquido positivo de R$ 3,17 bilhões no primeiro semestre do ano. Segundo a legislação do BC, esse montante foi transferido ao Tesouro Nacional em setembro. PIB Meirelles classificou como "conservadora" a projeção do FMI de que o PIB brasileiro crescerá 3% em 2009. Ele lembrou que a projeção atual do governo brasileiro é de uma expansão da economia de 4% em 2009. Segundo ele, uma projeção atualizada deverá ser anunciada no fim deste ano. Meirelles não deu pistas sobre qual deverá ser a nova previsão, mas repetiu pelo menos três vezes que os 3% do FMI são conservadores. Em certo momento, o presidente do BC chegou a classificar a projeção do FMI como "bem conservadora". Mesmo assim, Meirelles expôs aos parlamentares que a previsão do FMI para o Brasil é bem melhor do que a previsão do organismo para outros países. Segundo ele, o FMI estima que a economia mundial se expandirá 2,2% em 2009. Para os EUA, o FMI prevê um encolhimento de 0,7% do PIB e, para o Reino Unido, uma retração de 1,3% no próximo ano. Meirelles disse mais de uma vez que o Brasil entra na crise em uma situação melhor do que a de outros países e também melhor do que a do próprio Brasil em crises anteriores. Ele, entretanto, demonstrou preocupação sobre a situação da demanda interna por bens de alto valor agregado, como automóveis. O presidente do BC disse que o governo tem agido para manter a oferta de crédito para a compra de automóveis e disse que está em permanente contato com as montadoras. Segundo ele, o que está havendo atualmente é a preocupação dos consumidores em assumir dívidas. "Isso é natural", disse. Ele lembrou que há semana que a palavra crise não sai das manchetes dos jornais.

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