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Licença de refinaria que furtava óleo da Petrobrás estava suspensa

Cetesb havia suspendido operações da empresa pois ela não poderia processar combustíveis

Foto do author José Maria Tomazela
Por José Maria Tomazela
Atualização:

SOROCABA - A empresa que funcionava como refinaria ‘pirata’ de petróleo furtado da Petrobrás, em Boituva, interior de São Paulo, estava com a licença de operação suspensa desde novembro deste ano, segundo a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). A Speichim do Brasil obteve a licença para recuperação de solventes em junho de 2015, mas a autorização não contemplava o processamento de combustíveis. Segundo a Cetesb, depois de um incêndio que atingiu as instalações em março deste ano, em que um funcionário morreu, a Speichim foi multada em R$ 235 mil.

Refinaria fechada em Boituva armazenava petróleo Foto: José Maria Tomazela/Estadão

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Vistorias feitas em julho, setembro e novembro últimos constataram irregularidades, como a destinação inadequada de resíduos e falta de sistema de controle de poluição, levando à cassação da licença. A companhia ambiental informou que o último registro de inspeção pela Cetesb de Itu, em 28 de novembro, constatou que a empresa estava com suas atividades paralisadas.

“No entanto, nesta terça-feira (20), técnicos da Cetesb voltaram à empresa acompanhados de representantes da Transpetro, quando foi descoberto que no local estavam armazenados tambores contendo petróleo bruto e gasolina”, informa. Segundo a nota, a agência analisa o caso e decide que medidas administrativas serão tomadas.

Protestos. Em 2014, a Speichim foi alvo de protestos de moradores vizinhos por causa da emissão de odores decorrentes do processamento de produtos químicos. Quando a fábrica foi atingida pelo incêndio, moradores vizinhos deixaram as casas por causa da fumaça tóxica. Em junho deste ano, moradores voltaram a organizar um abaixo-assinado para pedir fiscalização no local, em razão do mau cheiro.

Na terça, após a constatação de que a empresa recebia e refinava o petróleo furtado, a fábrica foi lacrada pela Polícia Civil. Segundo o delegado Emerson Jesus Martins, um comboio com escolta entregará à Petrobrás os 240 mil litros de petróleo e 160 mil litros de gasolina apreendidos na fábrica. O material será levado para a Refinaria Planalto, em Paulínia, também no interior paulista, onde passará por avaliação.

Ainda conforme o delegado, a investigação vai apurar quem comprava a gasolina pirateada. “Temos evidências de que o combustível era distribuído em postos de abastecimento da região, mas precisamos saber quais eram os compradores e como era realizada a venda.” A fraude foi descoberta pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) durante uma investigação de roubos de cargas.

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