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Lições de produtividade da Coreia do Sul

Enquanto o salário real médio do trabalhador brasileiro permaneceu estagnado, o do sul-coreano mais do que dobrou

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Por Redação
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Em 1980, o PIB per capita do Brasil era 39% do PIB per capita dos Estados Unidos, enquanto o da Coreia do Sul era 17,5%. Quatro décadas depois, o do Brasil encolheu para 25,8% do dos Estados Unidos e o da Coreia do Sul cresceu para 66%. Desde os anos 2000, a produtividade na indústria brasileira cresceu menos de 2/10 da sul-coreana. Nesse período, enquanto o salário real médio do trabalhador brasileiro permaneceu estagnado, o do sul-coreano mais do que dobrou. São dados de um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) sobre a produtividade dos dois países.

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Há, claro, condições singulares que limitam o alcance da comparação. Conhecido pelos coreanos como o “Milagre do Rio Han”, o crescimento após a Guerra da Coreia (1950-1953) se deve, em parte, ao país ter mantido mecanismos próprios de uma economia de guerra. Mas mais importante foi o investimento massivo em educação, que retirou o país do analfabetismo em massa e produziu a força de trabalho qualificada que o transformou num dos maiores centros de produção tecnológica do mundo.

No Brasil, desde 2000, a produtividade está estagnada. Segundo a CNI, a partir de 2010, apesar da retomada do consumo, a indústria mostrou dificuldades em manter o crescimento, sobretudo em razão da falta de trabalhadores qualificados.

O modelo de crescimento dos salários sem aumento da produtividade esgotou-se com a crise econômica. Entre 2013 e 2018, o PIB per capita caiu 1,7% ao ano. Paradoxalmente, foi o período com maior ganho de produtividade: enquanto as empresas menos produtivas fechavam as portas, as demais retinham os trabalhadores mais produtivos e dispensavam os menos produtivos.

Os bons exemplos da Coreia do Sul podem auxiliar o Brasil a conquistar ganhos de produtividade. Investir em inovação – novas tecnologias e práticas de gestão – é o único meio de aumentar a produtividade continuamente. Trata-se de uma decisão da empresa, que pode ser incentivada pelo governo, por meio de estímulos e de um bom ambiente de negócios.

O principal determinante sistêmico é a educação. Mas, segundo a CNI, o aumento da produtividade será inócuo se fatores como os altos custos de transação, excesso de burocracia, insegurança jurídica, infraestrutura precária e capital custoso neutralizarem a competitividade das empresas.

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