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Líder do governo na Câmara defende acordo entre sindicatos para reajuste salarial só a policiais

Ricardo Barros (Progressistas-PR) afirmou que não há dinheiro no Orçamento de 2022 para conceder aumento de remuneração a outras categorias além dos únicos três grupos para quem Bolsonaro disse ser possível 'fazer justiça'

Foto do author Iander Porcella
Foto do author Eduardo Rodrigues
Por Iander Porcella (Broadcast) e Eduardo Rodrigues
Atualização:

BRASÍLIA - Diante do impasse sobre a promessa do presidente Jair Bolsonaro de dar reajuste salarial a servidores públicos, o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (Progressistas-PR), afirmou ao Estadão/Broadcast Político que não há dinheiro no Orçamento de 2022 para conceder aumento de remuneração a outras categorias além da Polícia Federal (PF), Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Departamento Penitenciário Nacional (Depen), os únicos três grupos para quem Bolsonaro disse ser possível "fazer justiça". O deputado afirmou, contudo, que os sindicatos precisam chegar a um acordo entre si para evitar uma greve no funcionalismo.

“Não há possibilidade [de dar reajuste] para todos”, declarou Barros. “O que precisa é que os que poderiam ser beneficiados [policiais federais] se entendam com os outros sindicatos para entender que houve um trabalho deles, colocaram no Orçamento, se esforçaram para conseguir, e os outros que trabalhem no futuro as suas categorias. Se for para uns ganharem e outros reclamarem, a probabilidade é não ter para ninguém”, acrescentou. 

Ricardo Barros (Progressistas-PR), líder do governo na Câmara; ele repete o discurso de Bolsonaro ao defender reajuste somente a policiais Foto: Gabriela Biló/ Estadão

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Diante da mobilização de categorias que ficaram de fora da promessa de reajuste salarial feita por Bolsonaro, com entrega de cargos e até ameaça de greve, o líder do governo na Câmara defendeu que a articulação depende do entendimento dos sindicatos. “Se não houver acordo entre eles, fica difícil resolver o problema.”

A um dia do encerramento do prazo para a sanção do Orçamento deste ano, Barros ressaltou que a decisão depende de Bolsonaro, do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira. “A solução não está em uma pessoa, depende de vários atores. Tem que ter paciência, ver como evolui”, disse. 

Já o Ministério da Economia entende que já fez os alertas necessários ao Planalto sobre o tema – recomendando inclusive que não haja reajuste algum neste ano – e a partir de agora apenas espera a decisão final de Bolsonaro. De acordo com uma fonte da equipe econômica, não cabe à pasta sugerir ou indicar as categorias que devem ou não ser atendidas dentro do espaço de R$ 1,7 bilhão reservado no orçamento deste ano para reestruturações de carreiras.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, chegou a se reunir com representantes dos servidores da Receita Federal na semana passada, mas não sinalizou nenhuma perspectiva de correção salarial para as categorias ligadas à pasta.

Na quarta-feira, 19, Bolsonaro voltou a colocar em dúvida a concessão de reajustes ao funcionalismo. "Reconheço o trabalho dos servidores, que eles merecem um reajuste. Não tem folga no Orçamento para o corrente ano”, afirmou o presidente, em entrevista à rádio Jovem Pan

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"Estamos aguardando o desenlace das ações. Ou seja, a gente pode fazer justiça com três categorias, não vai fazer justiça com as demais, sei disso, mas fica aquela velha pergunta a todos: vamos salvar três categorias ou vai todo mundo sofrer no corrente ano?", questionou Bolsonaro.

Ele disse que o "tempo vai dizer" qual decisão será tomada e ressaltou que não quer "cometer injustiça" com os servidores. Bolsonaro tem sido pressionado por aliados a recuar e não conceder reajuste a nenhuma categoria. A promessa de aumentar a remuneração apenas dos policiais federais gerou insatisfação no funcionalismo público.

O movimento que gerou uma mobilização em Brasília nesta terça-feira, 18, começou com uma entrega de cargos na Receita Federal e no Banco Central. Aos poucos, ganhou a adesão de servidores do Tesouro Nacional, professores, auditores fiscais agropecuários, entidades ligadas aos Poderes Legislativo e Judiciário, entre outros. Estão previstos mais atos nos dias 25 e 26 deste mês e há um indicativo de greve geral para fevereiro. 

No começo do mês, o presidente já havia admitido que talvez não concedesse reajuste a nenhuma categoria. "Primeiramente, não está garantido o reajuste para ninguém. Tem uma reserva de R$ 2 bilhões que poderia ser usada para a PF e a PRF, além do pessoal do sistema prisional. Mas outras categorias viram isso e disseram 'eu também quero', e veio essa onda toda", afirmou Bolsonaro, em 8 de janeiro.