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Líder republicano põe em dúvida aprovação do "fast track"

Por Agencia Estado
Atualização:

O líder da maioria republicana na Câmara de Representantes, Dick Armey, previu hoje que o Congresso entrará em recesso no início de agosto sem aprovar o projeto de lei sobre a Autoridade de Promoção Comercial (TPA, ou "fast track"), que dá ao executivo americano mandato para negociar novos acordos comerciais. Perguntado hoje se os senadores e deputados nomeados para a comissão mista incumbida de negociar as diferenças dos projetos de lei aprovados nas duas casas do Congresso, Armey respondeu: "Não credito em milagres como esse desde quando lia contos da fada". Faltando apenas 10 dias para os deputados partirem para suas férias de verão, continuou sem solução, hoje, a briga pela presidência da comissão mista entre os democratas, que controlam o Senado, e os republicanos, que são maioria no Senado. Dada a complexidade dos temas que precisam ser negociados, a demora no início dos trabalhos da comissão torna altamente improvável um acordo antes do início de agosto, como havia pedido o presidente George W. Bush. Assistentes legislativos admitiram hoje que a votação do "fast track" antes das eleições gerais de novembro está em dúvida, porque os legisladores estão receosos de apoiar mesmo uma lei apenas parcialmente pró-liberalização do comércio durante uma campanha eleitoral. Nesse caso, a última chance para um acordo seria a sessão final da atual legislatura, em novembro e dezembro. Mas com um novo Congresso já eleito e prestes a tomar posse, é duvidoso se os congressistas voltarão ao tema. O assunto, de fato, não é popular. O projeto de lei do TPA foi aprovado na Câmara por apenas um voto de diferença, em dezembro passado, e somente depois que a liderança republicana e a Casa Branca torceram braços e fizeram promessas protecionistas ao lobby do setor têxtil, que ainda não cumpriram. A decisão de Bush de restringir as importações de aço, em março, não melhorou a disposição dos deputados em relação à legislação. No início deste mês, quando a Câmara autorizou o início dos trabalhos da comissão mista do TPA, a margem de vitória foi, novamente, de apenas um voto. Num sinal de desespero, o presidente da Associação da Indústria Americana (NAM), Jerry Jasinowski, escreveu hoje aos líderes dos dois partidos para implorar-lhes que iniciem sem demora as negociações da comissão mista. "A continuar, a demora prejudicará tremendamente os nossos aliados e a nossa política externa na América Latina", afirmou Jasinowski. O embaixador do Brasil em Washington, Rubens Barbosa, que participou hoje de uma seminário no Capitólio sobre as perspectiva das relações comerciais entre o Brasil e os Estados Unidos, disse que, na ausência do TPA, "as negociações da Área de Livre Comércio das Américas ficarão muito complicadas". O embaixador previu que, independentemente do resultados das eleições, "o Brasil continuará na mesa de negociações". Falando no mesmo evento, promovido pelo Brazil Information Center, o diretor internacional da NAM, Frank Vargo, disse que, de um jeito ou de outro, o TPA passará antes do fim do ano. O mesmo tem dito sua mulher, Regina Vargo, alta funcionária do escritório comercial da Casa Branca (USTR) e principal negociadora da Alca no governo dos EUA. O economista Gary Hufbauer, um especialista em comércio do Instituto de Economia Internacional, que também participou do seminário, disse que a crise de confiança nos mercados que os EUA atravessam e a recente valorização do euro em relação ao dólar deveriam operar em favor da aprovação do TPA. "O problema é que há gente influente no Congresso que é contra", disse. Na terça-feira, o vice-ministro do comércio exterior dos EUA, Peter Allgeier, disse em Genebra que as eleições brasileiras podem complicar o cronograma de negociações da Alca. A julgar pela previsão feita hoje por Armey, o obstáculo mais imediato parece estar nos EUA e não no Brasil.

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