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Liderança do Brasil não existe, diz uruguaio

Por Jamil Chade e correspondente
Atualização:

Genebra - O Mercosul "não funciona" e a liderança brasileira na América do Sul não existe. O desabafo é do uruguaio Carlos Perez Del Castillo, ex-presidente do Conselho Geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) e candidato derrotado ao cargo de diretor geral da entidade. "O Mercosul vive um caos. Não estamos nem numa zona de livre comércio nem numa união aduaneira. A tarifa externa comum (TEC) é uma ficção e, para completar, Uruguai e Argentina estão em crise por causa das papeleiras. Se não bastasse, o Brasil adota uma postura de neutralidade. Se o País quer ser líder, precisa se envolver nos temas regionais", diz o uruguaio. Castillo, que hoje atua como consultor e é o presidente do painel da OMC criado para investigar os subsídios proibidos à Airbus, foi derrotado pelo francês Pascal Lamy nas últimas eleições. Mas o que lhe causou surpresa foi o fato de o Brasil ter decidido lançar seu próprio candidato, o diplomata Luís Felipe de Seixas Correa, também derrotado. Em Montevidéu, a decisão do Itamaraty foi considerada uma traição e um dos fatores que impediram a vitória do uruguaio. Dois anos após a derrota e depois de um longo período de silêncio, Castillo ataca a política comercial do governo brasileiro para a região. Segundo ele, "nos últimos anos, a integração do bloco deu passos para trás". "Para ser líder, um país precisa adotar posições altivas. E isso não tenho visto." Uma de suas queixas se refere às "amarras" que prendem os pequenos países. "De um lado, a TEC não funciona. Mas, ao mesmo tempo, exige-se das economias menores que não busquem acordos de forma isolada para supostamente não minar a TEC."

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