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Líderes da UE prometem embate durante reunião do orçamento

Se reunião não for bem-sucedida, questão deve se agravar no próximo ano, e pode ameaçar a implementação de uma série de programas da UE

Por Stefânia Akel e da Agência Estado
Atualização:

BRUXELAS - Os líderes da União Europeia demandaram e ameaçaram enquanto chegavam à reunião desta quinta-feira, que visa um acordo sobre o próximo orçamento da UE. O Reino Unido liderou o grupo que abafou as esperanças por um acordo.

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O primeiro-ministro britânico, David Cameron, definiu o tom ao dizer aos repórteres que "não estava contente" com as propostas apresentadas, e prometeu lutar para conseguir o melhor acordo para o seu país. Pouco depois, seu aliado holandês, Mark Rutte, afirmou que carrega uma metafórica "arma carregada" em seu bolso, para o caso de seus desejos não serem atendidos.

Os momentos anteriores à reunião de dois dias foram dominados pelo receio de que Cameron vetaria as discussões se os outros não concordarem com o seu pedido de congelamento dos gastos da UE. Outros líderes também soltaram ameaças sobre o encontro, que tradicionalmente reserva uma das discussões mais explosivas da agenda europeia.

A Polônia lidera um grupo de 15 países - incluindo Grécia, Portugal e Espanha - que se opõe a cortes no fundo que ajuda os países mais pobres da UE a alcançarem o restante do bloco. No outro extremo estão os países nórdicos, os contribuintes, que exigem que o orçamento de cerca de 1 trilhão de euros reflita o aperto de cintos vigente na Europa. "Todos aqueles que querem promover crescimento na Europa, que pensam em mais empregos e investimentos para emergir da crise, devem apoiar a Polônia em nosso esforço por um fundo maior para nações mais pobres", disse o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk.

O orçamento de 2014 a 2020 define tetos de gastos para todas as áreas de políticas da UE, com a maior parte do dinheiro tradicionalmente destinada a subsídios agrícolas e financiamento para os países em dificuldades. Discussões na semana passada colocaram o teto próximo a 975 bilhões de euros, valor que passa longe dos cortes exigidos por Cameron e outros ministros. "Obviamente, em um momento em que tomamos decisões difíceis em casa sobre gastos públicos, seria errado existirem propostas com um aumento tão grande de gastos na UE", disse Cameron. Ele pretende assegurar cortes aos custos administrativos do bloco.

A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, que busca um acordo rapidamente para poder passar à questão mais urgente da crise na zona do euro, disse que está cautelosa quanto a expectativas de um acordo esta semana. Seu colega francês François Hollande criticou aqueles que definem "ultimatos" em vez de estarem dispostos a se comprometer.

Ainda que um atraso não seja catastrófico, o objetivo é chegar a um acordo que evite divisões, já que as relações já estão abaladas pela contínua crise na Grécia e a crescente disputa com o Reino Unido, que atualmente reavalia todo seu relacionamento com o bloco. Se a reunião não for bem-sucedida, a questão deve se agravar no próximo ano, e pode ameaçar a implementação de uma série de programas da UE. "Se isso não se resolver, vamos nos assegurar para que o humor não fique sombrio e para que não tenhamos que gastar meses reconstruindo relacionamentos pessoais", disse o holandês Rutte. As informações são da Dow Jones.

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