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Líderes dos caminhoneiros grevistas vão a Brasília para iniciar diálogo

Lideranças do Comando Nacional do Transporte chegam à capital federal na noite desta terça; ontem, eles disseram que não havia interesse em negociar

Por Victor Martins
Atualização:

Atualizado às 15h58

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BRASÍLIA - Líderes do Comando Nacional do Transporte (CNT) chegam a Brasília na noite desta terça-feira, 10, para tentar iniciar um diálogo com o governo federal sobre a greve dos caminhoneiros, deflagrada na segunda-feira. A tentativa de negociação vai de encontro ao que foi falado ontem pelas lideranças do movimento, quando afirmaram não querer nenhum tipo de contato com o governo. 

Segundo o deputado Jerônimo Goergen (PP-RS), foi solicitada uma audiência com o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, na qual ele receberia esses representantes. "A preocupação é de que essa manifestação não se torne autofágica, com um setor prejudicando o outro e derrubando uma economia que já está combalida", afirmou, após participar de uma reunião com Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) para tratar do tema.

Ivar Schmidt, líder do CNT Foto: Francisco Stuckert/Futura Press

Parlamentares têm tentado negociar com os caminhoneiros os termos da paralisação para tornar o movimento menos radical. O entendimento é o de que a demanda deles dificilmente será atendida pelo governo federal, além de se tornar impossível um canal de diálogo enquanto o impeachment da presidente Dilma Rousseff estiver na pauta. 

Goergen afirmou que, caso ocorra a reunião na Casa Civil, não se tratará de uma negociação, mas uma conversa. "Quando Miguel Rosseto (Ministro do Trabalho e Previdência) conduziu as negociações em março deste ano, nada foi cumprido", afirmou o deputado. "A pauta dos caminhoneiros já existe e não foi cumprida. Se o governo não cumprir, que diga e assuma as consequências", disse.

O deputado do PP afirmou ainda que apresentará ainda hoje, na Comissão de Agricultura da Câmara, requerimento para convocação dos ministros Jaques Wagner e José Eduardo Cardozo (Justiça) a prestarem esclarecimentos sobre a aplicação de punições aos caminhoneiros grevistas e sobre o andamento das negociações com os trabalhadores.

O presidente da FPA, o deputado Marcos Montes (PSD-MG), disse que a bancada se reuniu com representantes do setor produtivo durante um almoço nesta terça-feira (10), em Brasília. "Tivemos uma conversa com entidades do setor produtivo e eles externaram a situação, que é de paralisia com a greve", relatou. 

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'Sem contato'. Em entrevista concedida ontem ao Estado, Ivar Luiz Schmidt, o líder do CNT disse que, a princípio, não há interesse em negociar com o governo federal e que o principal objetivo é derrubar a presidente Dilma Rousseff. “Entregamos uma pauta para o governo em 4 de março e, em oito meses, o que foi atendido é irrelevante. Por causa disso, e do clima em que se encontra o País, com inflação elevada e aumentos consecutivos dos combustíveis e da energia elétrica, achamos por bem pedir a renúncia da presidente. Não acreditamos mais que ela seja capaz de conduzir o País para fora do abismo no qual se encontra.”

O caminhoneiro Fábio Luís Roque, outra lideranças do CNT, havia dito na segunda-feira que o grupo não pretendia estabelecer nenhum tipo de diálogo com o governo federal para levar reivindicações dos transportadores autônomos a Brasília. "Não queremos contato", disse.

Roque é caminhoneiro da cidade de Santa Rosa, no noroeste do Rio Grande do Sul. Segundo ele, a paralisação é por tempo indeterminado e não tem volta. "Ou ela (Dilma) renuncia ou vai para o impeachment. Daí sim, quando o governo que está agora sair, vamos começar a tratar da nossa pauta", afirmou.

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