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Líderes europeus se reúnem para tentar salvar Grécia

Crise grega tomou conta da agenda da cúpula da UE; expectativa é de plano conjunto de resgate.

Por Marcia Bizzotto
Atualização:

Os governantes dos 27 países da União Europeia avaliam nesta quinta-feira, em Bruxelas, as possibilidades de ajudar a Grécia a superar uma crise financeira que ameaça se alastrar para os demais países da zona euro. A reunião desta quinta-feira foi convocada ainda no ano passado pelo presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, para discutir uma nova estratégica de crescimento e de empregos para a UE, mas o problema grego e o risco que representa para todo o bloco acabou tomando conta da agenda do encontro. A expectativa é de que Alemanha e França apresentem um plano conjunto de resgate para ajudar o governo grego a saldar suas dívidas, uma informação que até agora não foi confirmada oficialmente e cuja legalidade não está clara. O Tratado de Lisboa, que rege o funcionamento da UE, estabelece que o bloco "não deve se responsabilizar por compromissos" de qualquer governo particular. Entretanto, a Comissão Europeia (braço Executivo da UE) poderia liberar antes do previsto o valor de fundos de ajuda regional aos quais a Grécia tem direito. Por sua parte, os governos alemão e francês poderiam simplesmente comprar bônus da dívida grega ou oferecer garantias aos credores do país. O que as autoridades europeias já deixaram claro é que ninguém quer ter de recorrer à ajuda do Fundo Monetário Internacional (FMI), uma alternativa considerada "humilhante" para a moeda única europeia. Condições Outro ponto que está claro é que o apoio europeu à Grécia será condicionado a que o governo do primeiro-ministro George Papandreou aplique com rigor seu plano de ajuste financeiro, que prevê reduzir o déficit do país em pelo menos quatro pontos percentuais neste ano. "O apoio não pode ser gratuito. Isso criaria condições para futuras crises", afirmou o comissário europeu Joaquín Almunia, que esta semana deixou a pasta de Economia para assumir a de Competência. Para Almunia, a zona do euro precisa adotar "políticas fiscais e reformas estruturais precisas" para "aumentar o grau de confiança" dos mercados nas economias de seus países membros. Mas o programa de austeridade fiscal elaborado pelo governo grego, que inclui medidas como o congelamento dos salários dos funcionários públicos e o aumento da idade de aposentadoria, não conta com a simpatia da população. Na quarta-feira, o país se viu paralisado devido a uma greve nacional de servidores públicos em protesto contra essas medidas. O déficit público grego chegou a 12,7% do PIB em 2009, mais que quatro vezes superior ao permitido pelas regras da zona do euro. Ante esse cenário, o temor de que o país não será capaz de pagar uma dívida de mais de 16 bilhões de euros que vence entre abril e maio toma conta dos mercados. Como consequência, o euro sofreu esta semana uma forte desvalorização e as bolsas de valores de Espanha e Portugal, países que enfrentam problemas estruturais similares aos gregos, despencaram. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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