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Lisboa não descarta segundo resgate

Primeiro-ministro Pedro Passos Coelho alertou, na noite de ontem, que situação pode piorar se o governo da Grécia declarar calote

Por LISBOA
Atualização:

O primeiro-ministro de Portugal, Pedro Passos Coelho, disse que se a Grécia declarar calote é possível que Portugal precise de uma segunda rodada de ajuda de seus pares europeus e do Fundo Monetário Internacional (FMI)."Se algo realmente negativo acontecer na Europa, particularmente na Grécia, será necessário que Portugal cumpra e mesmo supere todas as demandas feitas pela troica (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e FMI)", disse Passos Coelho, em uma entrevista televisiva. "Se algo acontecer, é importante que aqueles que podem nos ajudar façam isso de maneira tão convincente que o que ocorrer na Grécia não aconteça aqui", acrescentou.Os comentários de Passos Coelho vêm no momento em que a Grécia segue lutando para convencer a União Europeia (UE) e o FMI de que o país está fazendo o suficiente em relação às reformas previstas em seu plano de resgate. Sem a nova parcela de 8 bilhões de ajuda, a Grécia ficará sem recursos em meados de outubro.Medo do contágio. Portugal está desesperadamente tentando se afastar da crise que vive a Grécia, e Lisboa já afirmou diversas vezes que está fazendo mais do que foi requisitado para o seu plano de resgate. A credibilidade do país, no entanto, sofreu um revés na semana passada, quando o banco central disse que a região autônoma da Ilha da Madeira vinha reportando desde 2004 uma dívida menor do que de fato tinha. Os valores do orçamento entre 2008 e 2010 terão de ser revistos para cima. Passos Coelho, porém, disse na entrevista que os objetivos orçamentários não vão ser afetados. Ele acrescentou que o governo saberá a "real" situação financeira da ilha até o fim do mês.Desde que assumiu em julho, o governo anunciou um aumento acentuado nas tarifas do transporte público e um aumento substancial nos impostos sobre os combustíveis para chegar à meta de seu déficit. O governo também impôs um imposto de renda especial para 2011 equivalente à metade do salário de um mês e prometeu cortar postos públicos e reduzir o número de instituições públicas.Os esforços têm dado certo. O governo aumentou as receitas em 4,8% até agora neste ano na comparação com 2010, principalmente por meio de impostos, enquanto as despesas caíram 2,9%. Sob um plano de resgate internacional de 78 bilhões, Portugal deve cortar seu déficit orçamentário para 5,9% do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, de 9,1% no ano passado.Grécia. Em Atenas, o Ministério de Finanças grego disse ontem que foi feito um "progresso satisfatório" depois de dois dias de teleconferências com os credores internacionais e que os inspetores da troica são esperados no país na próxima semana. "Foi feito progresso satisfatório", informou o ministério em comunicado. "As conversas vão continuar no fim de semana em Washington, onde (o ministro de Finanças) Evangelos Venizelos participará do encontro anual do Fundo Monetário Internacional."O ministério informou que equipes técnicas vão continuar trabalhando nos dados dos orçamentos de 2011 e 2012, bem como no plano completo de médio prazo até 2014.A Grécia encontra-se sob pressão cada vez maior por parte de seus parceiros na zona do euro para que adote novas medidas de austeridade fiscal para reduzir seu déficit orçamentário e atender às condições para que os credores liberem um novo pacote de ajuda. Cada vez mais o fantasma de um calote tem assombrado os mercados. / AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

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