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Varejo adota lógica invertida nas liquidações

Comércio coloca na promoção itens antes do Dia das Mães para ampliar venda; saída é usada desde o Natal

Foto do author Márcia De Chiara
Por Márcia De Chiara
Atualização:

O fraco desempenho das vendas mudou a lógica do varejo nas liquidações. Elas começaram a ser feitas antes da data comemorativa do comércio e não depois, como era de costume. Essa inversão começou no último Natal e ganhou adesão dos varejistas neste Dia das Mães. Questionadas, varejistas não admitem que seja uma liquidação antecipada. Mas campanhas exibidas nesta semana mostram as ofertas como uma “liquidação”.

A rede Ricardo Eletro, especializada em eletroeletrônicos, é uma das varejistas que admitem estar fazendo uma “liquidação de Dia das Mães”. A rede encerra a liquidação exatamente no domingo. O desconto vai até 70%.

Extra faz Pink Friday, mas nega liquidação Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

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De acordo com a empresa, não é a primeira vez que é feita uma liquidação antes da data. E o objetivo da antecipação, segundo a companhia, é “proporcionar ao consumidor mais tempo para escolher e comprar produtos com preços melhores”.

Já a rede de hipermercado Extra, do grupo GPA, programou para hoje uma versão reduzida da Black Friday, a liquidação que ocorre na última sexta-feira de novembro e envolve a loja toda. Batizada de Pink Friday, serão 300 itens em promoção e a campanha é só hoje nas lojas físicas: começa às 7h e vai até às 24h. O desconto é de até 50%.

“Não é liquidação. Negociamos os itens com os fornecedores seis meses atrás”, afirma o gerente de marketing do Extra, Eandres Aguiar. Ele diz que é a primeira vez que o evento é feito e a expectativa é de que as vendas sejam apenas superadas pela sexta-feira da Black Friday, em novembro.

A Oppa, varejista de móveis e acessórios com 12 lojas físicas e comércio eletrônico, decidiu neste ano, pela primeira vez, fazer antes da data liquidação dos produtos com 50% de desconto. “A intenção é estimular o consumo”, diz Francesco Losurdo, diretor de marketing. Segundo ele, não se trata de uma liquidação. Mas a própria rede batizou o evento de “liquidação Mamma mia”. 

Vício. Para o economista sênior da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Fábio Bentes, as liquidações viraram um vício, elas se tornaram contínuas. “O varejo não tem tido outra alternativa para impulsionar as vendas, diante da crise.”

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No passado, as liquidações marcavam a mudança de estação e eram usadas para a limpeza de estoque, após datas importantes, como o Natal. Diante do fraco resultado do comércio no 1.º trimestre, que caiu 3% ante 2016, Bentes diz que a expectativa de vendas do Dia das Mães está mais para 3% do que de 4%. A CNC projeta alta de 3,8%.

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