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Lojas do Bom Retiro queimam estoque de verão

Até sábado, os lojistas da Rua José Paulino estarão promovendo liquidação com descontos de até 50%. Nas vitrines, as lojas já exibem as tendências outono-inverno.

Por Agencia Estado
Atualização:

Conhecido como um dos maiores pólos de confecções populares da cidade, o Bom Retiro quer virar uma área de referência para a moda brasileira. E ser considerado um centro divulgador de tendências. Até este sábado, a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) da região irá promover o ´Liquida Bom Retiro´, com descontos de até 50% para queimar todo o estoque de verão e colocar à mostra peças feitas de acordo com as propostas internacionais para a estação outono/inverno. "No mesmo dia que a Fórum e a M.Officer mostravam na São Paulo Fashion Week estampas de bichos e novas lavagens de jeans, nossos consumidores já compravam peças semelhantes aqui", alfineta Barbara Heliodora, estilista da loja Morina. "Ou você acha que o pessoal do Fashion Week também não copia os estilistas estrangeiros?" Os lojistas do Bom Retiro não esperam os lançamentos das coleções das grandes marcas chegarem às lojas brasileiras. Os comerciantes coreanos - que na década de 70 chegaram ao bairro desalojando meio mundo e hoje são responsáveis por 90% dos negócios locais - vão a Paris, Londres e Milão, badalados centros da moda, e voltam com malas abarrotadas de roupas, anotações, fotos e revistas que usam como referência para suas criações. "Nossa moda tem qualidade e estilo e custa muito menos da metade do valor cobrado nos shoppings", diz Heliodora. Disputa pela vitrine mais bonita Atualmente, o Bom Retiro recebe 20 mil pessoas por dia, gera cerca de R$ 2 bilhões por ano e consome 70 mil toneladas de tecido no mesmo período. "Os coreanos fizeram muito bem para a região", analisa Shlomo Shoel, presidente da CDL e proprietário de uma confecção. "Criou-se uma concorrência para ver quem tem a vitrine mais bonita, e isso também se refletiu na qualidade e na sofisticação das roupas." A mudança alterou o perfil da clientela - hoje patricinhas e madames disputam as calçadas com as sacoleiras - e resultou em fachadas que não fariam feio mesmo na luxuosa Rua Oscar Freire, nos Jardins. Andares inteiros foram destruídos para dar lugar a lojas de pé direito altíssimo, que chegam a 10 metros em alguns casos. A parte nobre da moda fica abrigada nas Ruas Aimorés e Professor Césare Lombroso. É bem fácil identificá-las: se você só vê carros importados estacionados, lojas com cartazes em italiano "vendita promozionalle", "collezione" ou"verano", está no lugar certo. A Rua José Paulino é a mais conhecida e mais cheia de lojas populares. Em visita ao bairro, o principal é deixar o preconceito de lado. A primeira lição é andar sem direção e se perder pelas ruas. Quanto mais longe você for, maior a chance de encontrar peças diferenciadas. Agora é considerado "in" passear pelas ruas do Bom Retiro. Nos sábados, é fácil encontrar madames, moderninhos, patricinhas e outras vítimas da moda por ali. O único obstáculo para o consumidor comum é que durante a semana algumas lojas trabalham somente por atacado. Neste caso, as consumidoras podem optar pelo sábado, quando as lojas vendem a varejo e o movimento lembra final de campeonato de futebol.

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