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Lojas esperam redução de preço com recuo do dólar

Por Agencia Estado
Atualização:

Com o recuo do dólar, tanto as lojas de eletroeletrônicos quanto os supermercados esperam queda nos preços cobrados pelas indústrias ou a volta de descontos. Eles reconhecem, porém, que as empresas são rápidas na hora aumentar preços, mas lentas quando o assunto é redução. O fiel da balança para sancionar a queda nos preços será o consumo que deverá continuar retraído. "Nunca vi a indústria reduzir preço quando os custos diminuem. Mas essa é uma cultura que temos de adquirir", diz o supervisor-geral da Lojas Cem, Valdemir Colleone. Com estoques suficientes para dar conta das vendas até o fim do primeiro semestre, ele diz que negociará para que os preços recuem ao menos uns 5%. Na linha de áudio e vídeo, os preços subiram entre 15% e 20% no fim de 2002. Na linha de eletrodomésticos de grande porte as indústrias continuam hoje tentando emplacar reajustes da ordem de 10% a 15% em razão da alta do aço. Colleone diz que, como o motivo alegado pelas indústrias para os aumentos era o câmbio, e agora o dólar está em queda, o mais razoável seria que o preço baixasse também. O vice-presidente de Consumers Electronics da Philips, Paulo Ferraz, observa que o grande problema hoje é a volatilidade do câmbio e que ainda não é possível vislumbrar o nível no qual o dólar vai se estabilizar. Mesmo que a moeda americana se consolide num nível mais baixo, nos três próximos meses a Philips terá seus custos de componentes atrelados a uma cotação mais elevada. "Fizemos hedge (seguro) do câmbio a R$ 3,57. Estamos travados com um custo mais alto", diz Ferraz. Ele acrescenta que há pressões também nos segmentos de plásticos e papelão. Além disso, a empresa teve de antecipar o dissídio dos funcionários da fábrica de Manaus (AM). "Hoje, todo mundo está surfando e não sabe aonde o dólar vai parar." Ferraz acha difícil que ocorra deflação nos preços. Fabricantes de eletroportáteis dizem que as pressões estão vindo das empresas de peças, cuja principal matéria-prima é o aço, embalagens e energia elétrica. Os supermercados paulistas devem fechar os quatro primeiros meses do ano com crescimento real de 2,5% em relação a igual período do ano passado. No entanto, o presidente da Associação Paulista de Supermercados, Sussumu Honda, diz que este aumento não sanciona alta de preços. Alega que houve ganho de mercado dos supermercados em relação a outras lojas. "Não há renda para absorver aumentos. Daqui a pouco, eles vão ter de dar descontos." "O repasse efetivo da queda do dólar deverá ter reflexo nos preços daqui a 40 dias", prevê Honda. Para o coordenador do IPC-Fipe, Heron do Carmo, o impacto será sentido na metade do ano.

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