18 de março de 2009 | 18h12
O cenário dá a dimensão da gravidade da crise no Reino Unido, onde o número de desempregados superou 2 milhões de pessoas em fevereiro, a marca mais expressiva em 12 anos. O país é um dos mais atingidos pela crise, em razão da importância do setor financeiro para a economia e da explosão da bolha imobiliária.
Os prognósticos negativos sobre o Reino Unido continuam se acumulando. O Fundo Monetário Internacional (FMI) acredita que o país será a única grande economia que não conseguirá sair da recessão no ano que vem. O fundo estima que o Produto Interno Bruto (PIB) levará um tombo de 3,8% neste ano, seguido de retração de 0,2% em 2009.
Diversos economistas apontam que o número de pessoas sem emprego vai chegar a 3 milhões no ano que vem. "As perspectivas para o desemprego estão piorando e existe necessidade urgente de ação", declarou a Câmara Britânica de Comércio. Se a previsão se concretizar, a taxa de desemprego passará dos atuais 6,5% para 10%. A fraqueza econômica também está refletida na libra, que acumula desvalorização de 30% nos últimos 12 meses. O ambiente aumenta o risco de depressão no país, algo que já vem sendo apontado por especialistas.
A crise é o principal assunto entre a população, bastante preocupada com as perspectivas cada vez mais negativas. O mercado imobiliário, antes um símbolo da pujança de Londres, está bem longe do aquecimento visto até o começo de 2008. Conforme a instituição financeira Nationwide, o preço dos imóveis acumula queda de 17,7% em 12 meses, até fevereiro. Os valores estão bem mais convidativos e os juros caíram bastante, mas nada disso leva a população a comprar novas residências. O problema é que agora os bancos querem uma entrada de 10% a 25% do preço do imóvel, um porcentual extremamente elevado para os britânicos - antes da crise, as instituições concediam hipotecas de 120% do valor das residências.
No comércio, os sinais da recessão são evidentes. "Estamos fechando, vamos ter de encerrar as atividades em razão da crise", disse o proprietário de uma loja no sudoeste de Londres, desanimado ao liquidar o estoque. Mesmo as lojas que seguem com atividade normal estão tendo de realizar promoções expressivas. Foi esse movimento que provocou a alta de 0,7% nas vendas no varejo em janeiro, na comparação com dezembro.
O governo tem tomado diversas medidas para combater a crise, desde a redução de impostos até a nacionalização de bancos. Neste ano, o Royal Bank of Scotland (RBS) e o Lloyds já passaram para o controle do governo. O Banco da Inglaterra (banco central) gastou toda sua munição com a política monetária tradicional ao derrubar os juros básicos para 0,5% ao ano na última reunião. Agora, está imprimindo dinheiro para comprar títulos, medida nada convencional, mas que acabou sendo necessária diante da gravidade da crise.
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