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Loyola não vê razões para a alta do risco país

Por Agencia Estado
Atualização:

O ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola disse hoje que não há razões técnicas para justificar a alta do Risco Brasil, que subiu 15% nesta quinta-feira, superando até o índice da Nigéria. Em entrevista à Rádio Eldorado AM/FM, o economista afirmou que a desconfiança manifestada pelos investidores é típica de mercados que têm pouca liquidez e motivada também pelo resultado da última pesquisa eleitoral para a Presidência da República. Para Loyola, porém, houve um exagero. "Não há nada que justifique esse prêmio de risco e tenho quase que certeza que esses preços vão se ajustar. A dívida brasileira e a nossa Bolsa ficaram muito baratas e o dólar muito caro. No entanto, esses preços vão acabar se ajustando", afirmou. Ontem, os investidores entraram em pânico no País e os fundos estrangeiros venderam pesadamente os títulos da dívida brasileira. A Bolsa de Valores de São Paulo, por sua vez, recuou mais de 5%, a maior queda desde o último dia 13 de setembro. O Banco Central vendeu mais de US$ 100 milhões nesta quinta-feira, mas não conseguiu segurar a alta da moeda americana, que fechou com valorização de 2,33%. Loyola afirmou que, depois das últimas medidas que adotou para conter a ascensão do dólar e acabar com o nervosismo que tomou conta do mercado, o BC não tem muito mais o que fazer. Para ele, o órgão não tem outros instrumentos para agir nessa situação. "O que o Banco Central tentou ou está tentando fazer é suprir o mercado com um mínimo de dólares, o suficiente para as empresas privadas pagarem os seus compromissos", declarou. "No entanto, ele (o BC) não deve atender totalmente essa demanda para não acabar ficando sem reservas internacionais. Eu acho que o Banco Central já fez tudo o que poderia fazer numa situação como e essa e agora deve deixar a própria dinâmica do mercado agir, e certamente o ajuste dos preços virá". O economista afirmou que não há motivo para pânico ou para se duvidar da capacidade do governo pagar a dívida brasileira, assim como razões para se antecipar os resultados da futura eleição à Presidência. Loyola acredita, no entanto, que esse clima de nervosismo deverá permanecer. "Eu acho que esse nervosismo vai continuar, pelo menos até agosto, mas poderia recuar se houvesse uma melhor comunicação dos candidatos, especificamente do PT, em relação às suas políticas econômicas. Esse temor de uma descontinuidade ou de medidas radicais nessa área é que acaba causando esse tipo de comportamento".

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