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Lucro da Petrobrás cai 21% no ano

Ganho no 3.º trimestre foi de R$ 5,528 bi e ficou abaixo das previsões; valor da estatal cresceu 50% em 12 meses

Por Kelly Lima e Monica Ciarelli (Broadcast)
Atualização:

A Petrobrás teve lucro líquido de R$ 5,528 bilhões no terceiro trimestre, resultado 22% inferior ao do mesmo período de 2006 e 27% menor que a projeção média (de R$ 7,6 bilhões) de cinco instituições financeiras que acompanham o setor - Banif, Itaú, Fator, Brascan e Corretora Ágora. Entre janeiro e setembro, os ganhos caíram 21%, para R$ 16,5 bilhões. O resultado ruim veio após dois dias de altas expressivas das ações da companhia, por conta do anúncio do volume de reservas da megajazida de Tupi, na Bacia de Santos. A estatal atribuiu a queda a alguns fatores: perda cambial sobre ativos em dólar, menor provisionamento de juros sobre capital próprio e gastos vinculados à repactuação de cláusulas do regulamento do plano de pensão. Na divulgação do balanço, porém, a companhia preferiu destacar o aumento de 50% no valor de mercado nos últimos 12 meses. Pelo critério financeiro, a Petrobrás vale hoje R$ 285,333 bilhões. O diretor-financeiro da estatal, Almir Barbassa, ressaltou que a desvalorização do dólar ante o real vem compensando este ano a alta do preço do barril de petróleo no mercado internacional. Segundo ele, o fato de a companhia ter mantido estáveis os preços da gasolina e do diesel não significa que a empresa não tem acompanhado o valor do barril no exterior. "A empresa acompanhou perfeitamente", garantiu. O diretor informou que o preço médio de derivados de petróleo entre janeiro e setembro foi de R$ 154,21, ante os R$ 155,27 apurados no mesmo período no ano passado. A Petrobrás importou, no trimestre, 10% mais petróleo: 412 mil barris por dia, ante 373 mil barris em igual período de 2006. O volume de derivados importados também cresceu (47%), de 137 mil para 201 mil barris por dia. No ano, a Petrobrás teve acréscimo de 8% na importação média de petróleo e de 34% nas compras de derivados. A estatal também aumentou as exportações de petróleo no terceiro trimestre em 10%, passando de 355 mil para 392 mil barris por dia. Com relação às exportações de derivados, o aumento foi de 26%, passando de 221 mil para 278 mil barris por dia. "Sustentando a tendência de crescimento da produção, nos próximos três meses serão iniciadas as operações de três novos grandes sistemas de produção de petróleo", diz o comunicado, referindo-se a campos no Espírito Santo. A Petrobrás tem como meta reduzir o custo de extração de petróleo em US$ 0,50 em 2008, por conta da entrada em produção de novas plataformas. "A partir do momento em que a plataforma começa a produzir na capacidade máxima, minimiza os custos com sua instalação e manutenção", disse Barbassa. Ainda segundo ele, na próxima semana deverá entrar em operação a plataforma FPSO Cidade de Vitória, para o módulo 2 do Campo de Golfinho, na Bacia do Espírito Santo, e também a P-52, no Campo de Roncador. As duas plataformas têm capacidade de produção de, respectivamente, 100 mil e 180 mil barris por dia. Para dezembro, também entra em operação a plataforma P-54, no Campo de Roncador, com capacidade de 180 mil barris por dia. Para Barbassa, o atraso na entrada dessas plataformas em operação e os problemas técnicos enfrentados pela estatal na plataforma P-50 não tiveram forte impacto porque "a empresa não perdeu, deixou de ganhar, mas esse volume de produção só foi adiado para o próximo ano". O gerente-executivo da estatal, Francisco Nepomuceno, observou que a P-50 já está produzindo 20 mil barris por dia a mais do que o esperado pela estatal para este ano. Ele admite, no entanto, que cada dia de atraso a mais na entrada em produção das demais unidades deixa mais longe a meta da estatal de atingir o pico de produção de 2 milhões de barris por dia até o dia 31 de dezembro.

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