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Lucro do BNDES cai 83% no semestre

Resultado de R$ 702 milhões é o menor para um primeiro semestre desde 2002, quando foi de R$ 576 milhões

Por Alberto Komatsu
Atualização:

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) teve lucro líquido de R$ 702 milhões no primeiro semestre deste ano, o que representou recuo de 83% em relação ao mesmo período do ano passado. Esse é o menor lucro do banco em primeiros semestres desde 2002, quando os ganhos somaram R$ 576 milhões. Segundo executivos da instituição, a queda se deu por causa da "prudência" do braço de participações do banco (BNDESPar) diante da crise global, que tornou o mercado de ações desfavorável. Diante desse cenário, o BNDESPar praticamente deixou de vender ações no mercado, realizando apenas uma operação, não divulgada, que gerou lucro bruto de R$ 72 milhões. De janeiro a junho de 2008, o resultado do banco com esse tipo de transação havia ficado em R$ 4 bilhões. Para o BNDES, trata-se de uma situação extraordinária. "É a prudência em face da crise. Tradicionalmente, o BNDES precisa monetizar para complementar seu orçamento, mas com as fontes equacionadas com o governo federal tornou-se desnecessário um grande esforço de vendas", explicou o superintendente da área financeira do banco, Selmo Aronovich. A cautela do BNDES reduziu os resultados de participações acionárias do banco, de R$ 4,8 bilhões de janeiro a junho de 2008 para R$ 1,3 bilhão no mesmo período deste ano. "O primeiro semestre de 2008 já foi um ponto fora da curva em termos de resultado, porque o mercado estava excepcional", disse Vania Borgerth, chefe de departamento da área financeira. Outro fator que influenciou a redução do lucro do BNDES foi o aumento da despesa com provisão para risco de crédito, de R$ 1,1 bilhão de janeiro a junho, ante R$ 400 milhões do mesmo período de 2008. Isso ocorreu porque o banco adotou uma "postura conservadora" no provisionamento, apesar de ter registrado baixo nível de inadimplência, de 0,18% em junho. No mesmo período do ano passado, a taxa era de 0,15%. "O índice de inadimplência do BNDES é extremamente imaterial. A carteira de crédito do BNDES, 97,5% está concentrada em níveis de baixíssimo risco, entre AA e C", disse Vânia. Entre os bancos privados, a proporção da carteira de crédito avaliada como de baixo risco é de 90%. Nos bancos públicos, a taxa é de 91,1%, conforme o BNDES. Os ativos totais do BNDES somaram R$ 309 bilhões no primeiro semestre, o que representou crescimento de 11,4% na comparação com 2008. Segundo Aronovich, isso ocorreu porque os desembolsos do BNDES estão em fase de expansão, que foi viabilizada com recursos do governo federal, de R$ 44 bilhões. "A gente negociou a captação com o Tesouro porque havia clara indicação de demanda por recursos, que se realizou", afirmou. O patrimônio líquido do BNDES acumulou R$ 24,7 bilhões em junho, o que corresponde a um patrimônio de referência de R$ 40,1 bilhões, ante R$ 42,5 bilhões em 31 de dezembro de 2008. Segundo o banco, essa redução foi causada pela distribuição de dividendos complementares. Segundo Vânia, isso ocorreu porque o lucro do período que não tem propósito de aplicação financeira fica disponível ao acionista. "O BNDES tinha resíduos de lucros apurados nos exercícios de 2006 e 2007 que ainda se encontravam na conta de lucros acumulados e o acionista recebeu os dividendos complementares." A proporção de financiamentos do BNDES para o setor público foi de 23,2% no primeiro semestre, abaixo do limite imposto pelo Banco Central, de 45%.

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