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Lucro dos bancos em 2006 atingiu R$ 27,5 bilhões

Segundo levantamento da Austin Rating sobre os resultados de 48 bancos no ano passado, valor só não foi maior por causa da amortização de ágios

Por Agencia Estado
Atualização:

O lucro líquido dos bancos em 2006 atingiu R$ 27,5 bilhões, valor apenas 3,6% superior ao de igual período do ano anterior. Mas o modesto avanço do ganho em relação a 2005 está longe de ser um sinal de fragilidade ou deterioração dos números das instituições. Pelo contrário. "O resultado reflete a exuberância das instituições no Brasil, que se deram ao luxo de fazer de uma só vez a amortização de aquisições que poderia ser feita em dez anos", afirma o presidente da Austin Rating, Erivelto Rodrigues, responsável pelo levantamento sobre os resultados de 48 bancos em 2006. Por causa da exuberância dos resultados, as principais instituições do País puderam aumentar ou fazer amortizações integrais de compras feitas no passado. O Itaú amortizou o ágio total da aquisição do BankBoston. O mesmo ocorreu no Bradesco, que amortizou aquisições, como a da American Express (Amex) e do Banco do Estado do Ceará (BEC). Já no Unibanco, a decisão foi reduzir o tempo de amortização de 10 anos para 5 anos. Por isso, o lucro desses três bancos caiu 17,9%, 8,3% e 4,8%, respectivamente. Para Rodrigues, embora tenha reduzido o lucro, a amortização integral dá mais transparência ao banco e abre espaço para resultados melhores para este ano. A redução do lucro também diminuiu a rentabilidade sobre o patrimônio líquido, de 25,3% para 21,1%. Números ainda considerados excelentes pelos especialistas. Segundo Rodrigues, 2006 foi mais um ano marcado pelo avanço do crédito, cujo estoque somou R$ 564,18 bilhões. O volume é 26,5% superior ao de igual período de 2005. O que também representou aumento da inadimplência, já que o crescimento maior do crédito tem sido verificado nas linhas de financiamento voltadas para pessoa física e pequenas, médias e microempresas. Nesses produtos, o risco é elevado, mas o retorno também. O analista Marcel Artoni de Marco, do Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração (Inepad), explica que, por esse motivo, as instituições foram obrigadas a elevar as provisões para devedores duvidosos, o que também impactou nos resultados. Segundo levantamento da entidade, as provisões do Bradesco subiram 76%; do Itaú, 73%; do Unibanco, 31%; do Banco do Brasil, 32%; e do Banco Real, 66,1%. Na média, a provisão ficou em 53%. "Os bancos exageraram nas provisões acima dos valores exigidos pelo Banco Central", afirma Rodrigues. Segundo ele, outro fator que demonstra a exuberância dos bancos é a conta de prestação de serviço, que saltou de R$ 38,90 bilhões para R$ 45,50 bilhões - avanço de 17%. Ele lembra que em 1994, na estréia do real, as receitas de serviços representavam apenas 3,5% do faturamento total. Hoje essa participação já atinge 21%. Além disso, esses ganhos eram responsáveis por 40% da folha de pagamento e hoje significam 115%. "No caso do Itaú e do Unibanco, as receitas são duas vezes a folha de pagamento", afirma Rodrigues. Outro dado importante dos bancos foi a melhora da eficiência. Segundo o levantamento da Austin Rating, o índice médio do bancos avaliados recuou de 54% para 53,3%. Nesse caso, quanto menor o número, melhor é a eficiência do banco. Entre os maiores bancos, o que apresentou melhor indicador foi o Bradesco, com 46,3%, seguido pelo Itaú, com 46,9%. Para este ano, a expectativa é que o crédito e os altos spreads (diferença entre o custo de captação e o que é emprestado para o consumidor) continuem melhorando os lucros.

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