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Lucro menor das empresas afetou intenção de investimentos, aponta FGV

No 1º trimestre, 43% das empresas da indústria da transformação relataram ter dificuldades para realizar investimentos  

Por Daniela Amorim (Broadcast) e da Agência Estado
Atualização:

RIO - No primeiro trimestre de 2012, 43% das empresas que compõem a indústria da transformação relataram ter alguma dificuldade para a realização de investimentos. No mesmo período de 2011, esse porcentual era de 33%, segundo a Sondagem Trimestral de Investimentos da Indústria, divulgada pela Fundação Getúlio Vargas. O principal fator que vem inibindo investimentos no setor é a limitação de recursos das empresas. Entre as companhias que perceberam algum entrave, 46% mencionaram a limitação de recursos, contra 34% no ano anterior. Foi a maior proporção de empresas com este tipo de queixa desde o início da série histórica da pesquisa, em 2004.

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"Para entender esse movimento, fomos olhar lucro operacional das empresas e, realmente, caiu muito em relação ao ano passado", ressaltou Aloisio Campelo, superintendente adjunto de Ciclos Econômicos da FGV.

O pesquisador levantou o lucro operacional de 102 empresas da indústria da transformação com capital aberto que divulgaram balanço nos últimos anos. O lucro operacional total dessas empresas foi de R$ 8,5 bilhões no primeiro trimestre de 2012, mesmo período da coleta de informações da Sondagem de Investimentos. O resultado foi consideravelmente inferior ao verificado no primeiro trimestre do ano passado nas mesmas empresas, de R$ 10,2 bilhões, e no primeiro trimestre de 2010, quando atingiu R$ 10,8 bilhões. "Realmente, o lucro está menor. Foi o pior resultado desde o primeiro trimestre de 2009, quando ficou em R$ 6,1 bilhões", afirmou Campelo.

As incertezas sobre a demanda estão aumentando entre os empresários, mas permanecem em patamar inferior ao verificado em 2009, ano da crise. Entre as empresas que enxergam algum fator limitativo à realização de investimentos, 34% apontaram dúvidas sobre a demanda por seus produtos no primeiro trimestre deste ano. No mesmo período de 2009, esse porcentual era de 50%. No entanto, a fatia ainda ficou muito acima da verificada no primeiro trimestre do ano passado, quando apenas 19% viam incertezas acerca da demanda.

A fatia de empresários que culpam a carga tributária elevada como limitadora de investimentos ainda é alta, 35%, mas recuou em relação ao ano passado, quando somava 42%.

"A percepção sobre a carga tributária como problema diminuiu. Mas houve desonerações pontuais para alguns setores, então faz sentido", explicou Campelo.

Entre as categorias de uso, a limitação de recursos foi apontada como um dos maiores entraves ao investimento. Mas, no setor de bens duráveis, houve destaque ainda para a taxa de retorno inadequada e incertezas sobre a demanda, enquanto que no setor de bens de capital figuraram mais queixas sobre o custo do financiamento e dúvidas sobre demanda por produtos.

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