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Lula admite que há divergência com a Índia sobre tarifas

Presidente demonstra desapontamento proposta de tarifas de importação mais baixas que as defendidas que ele

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Por Leonencio Nossa
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu nesta quarta-feira, 17, que há divergências entre os países emergentes na briga contra os subsídios agrícolas concedidos pelos Estados Unidos e países da União Européia.   Ao participar da 2ª Cúpula Brasil, Índia e África do Sul, Lula deixou transparecer o desapontamento com o governo do primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, presente no encontro, que deixou vazar nesta semana o conteúdo de um estudo propondo tarifas de importação de produtos de países desenvolvidos mais baixas que as defendidas pelo Brasil. "Se é documento oficial, a Índia e o Brasil têm maturidade para resolver as divergências numa mesa de negociação", disse o presidente brasileiro.   Ao lado de Singh e do presidente sul-africano, Thabo Mbeki, Lula ressaltou que o documento não foi divulgado pelos indianos. "É um documento vazado, que não foi divulgado (oficialmente)", salientou. "Não posso ter o documento como oficial", completou.   Como fez nas visitas a Burkina Faso e República do Congo, primeiros pontos deste seu sétimo giro pela África, Lula fez duras críticas aos Estados Unidos e à União Européia, que, segundo ele, não aceitam dialogar com os países pobres sobre a questão dos subsídios. "De pouco vale sermos convidados para a sobremesa no banquete dos poderosos", reclamou.   Na noite de terça-feira, Lula conversou por telefone durante cerca de 30 minutos com o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. A uma pergunta da imprensa brasileira sobre se a conversa reservada com Bush fora no mesmo tom duro dos discursos em público, Lula respondeu: "Não estamos fazendo negociação num clube de amigos", afirmou. "O que eu disse ao Bush é que eles (os Estados Unidos) não podem aumentar os subsídios de US$ 13 milhões para US$ 16 milhões (aos agricultores norte-americanos)", disse.   Lula sinalizou, durante a viagem, que está disposto a ceder na questão, mas, nesta quarta, reclamou que Europa e Estados Unidos querem vantagens. "Do jeito que está proposto, eles querem que a gente ceda mais, reduzindo as tarifas dos produtos industrializados deles, e não aceitam ceder muito na redução dos subsídios agrícolas", avaliou. "Brasil, África e Índia estão decididos a fazer um bom acordo na Rodada Doha."

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