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Lula afirma no Fórum Social que protecionismo só vai agravar a crise

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Por Leonencio Nossa
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que medidas protecionistas só agravam a crise financeira internacional. Após participar do Fórum Social Mundial, ele deixou claro que não vai permitir ações dos ministérios no sentido de limitar importações e criticou projeto do Congresso EUA de exigir o uso apenas de ferro e aço das siderúrgicas americanas nas obras financiadas pelo pacote de combate à crise do governo Barack Obama. "Se isso é verdade, é um equívoco", afirmou. "O protecionismo neste momento só vai agravar a crise." Ontem, horas após a entrevista de Lula, a Casa Branca anunciou que as medidas restritivas à importação serão revistas e que o governo ainda não decidiu se vai apoiá-las, segundo agências de notícias internacionais. Ao final de uma visita de dois dias a Belém, Lula disse que, no passado recente, os países industrializados reclamavam do protecionismo das nações emergentes. "É importante que os países ricos não se esqueçam nunca que foram eles que inventaram essa tal de globalização e essa história de que o comércio poderia fluir livremente pelo mundo, na época em que estavam crescendo e precisavam crescer", afirmou. "Não é justo que agora na crise eles esqueçam o direito do livre comércio e da globalização e passem a ser os protecionistas que eles nos acusam de ser." A uma pergunta sobre a decisão de vetar medida que elaborada pelos ministros Miguel exigia licença para importação de produtos de 24 setores, Lula foi coerente e voltou a fazer críticas ao protecionismo. "O protecionismo não vai resolver o problema da crise", disse. "Se cada país resolver colocar um muro em torno de si e achar que não precisa mais de nada a crise vai aumentar", acrescentou. "Se a gente parar de comprar e de vender, aí sim o bicho pega." Lula avaliou que a crise financeira atual revelou a incapacidade dos países ricos em resolver o problema. Ele disse que, nos anos 1990, o Fundo Monetário Internacional (FMI), os EUA e a União Europeia "ensinavam" os emergentes a sair da crise. "O calo no pé dos outros é mais fácil de suportar", disse. "A crise é mais forte agora nos países ricos, que estão em recessão", completou.

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