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Lula aproveita visita de chanceler alemã para defender etanol

Presidente assina com Angela Merkel acordo energético e tenta desmontar argumentos contra biocombustíveis

Por Denise Chrispim Marin
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe nesta quarta-feira, 14, no Palácio do Planalto, a chanceler alemã, Angela Merkel. A primeira visita oficial de Merkel ao Brasil tornou-se a oportunidade para o governo Lula tentar desmontar os argumentos da Alemanha contra a ampliação do uso de biocombustíveis e também para manter o país comprometido com o programa nuclear brasileiro pelos próximos anos. Ambos os temas deverão figurar no Acordo de Cooperação Energética - o principal documento a ser assinado por ambos os chefes de Estado nesta tarde.   Veja mais: Preço do petróleo em alta  Entenda a crise dos alimentos    A visita de Merkel ao Brasil acontece no momento em que seu governo ataca duramente a expansão do uso dos biocombustíveis, sob a alegação de que induz a devastação de florestas tropicais, reduz áreas de plantio de grãos e, portanto, eleva os preços internacionais dos alimentos. Há menos de um mês, sua administração recuou da decisão anterior de aumentar a mistura de 5% para 10% de etanol à gasolina a partir de 2009. A iniciativa frustrou a ambição do setor brasileiro de cobrir o consumo adicional que seria criado pelo aumento da mistura.   No Itamaraty, tornou-se evidente que, na atual guerra de comunicação em torno dos biocombustíveis, a Alemanha figura entre os radicais opositores ao etanol da Europa Ocidental. Mas não foi esquecido que se trata de um dos parceiros mais relevantes do Brasil - o quinto destino das exportações brasileiras e o terceiro maior investidor no País.   Merkel visita o Brasil a caminho de Lima, onde participará da Reunião de Cúpula da América Latina e da Europa, nos dias 16 e 17. Na sua programação desta quinta-feira, a diplomacia alemã declinou o convite de produtores de etanol para uma visita a usinas em Piracicaba (SP) e preferiu agendar sua passagem pela Volkswagen, em São Bernardo do Campo (SP).   Acordo energético   Mesmo assim, os biocombustíveis terão espaço no novo Acordo de Cooperação na Área Energética, que substituirá o de 1975, aquele que sustentou a construção do programa nuclear brasileiro. O texto prevê a criação de um Grupo de Trabalho para tratar dos biocombustíveis, em especial da certificação ambiental e social do produto.   Além disso, manterá a aliança alemã ao programa nuclear brasileiro até, pelo menos, o funcionamento da usina de Angra 3. Em 2006, o governo alemão avisou Brasília que não queria mais manter o acordo anterior porque não havia interesse de Berlim na cooperação na área nuclear.   O acordo de 1975 previa a construção, no Brasil, de oito grandes reatores nucleares para a geração elétrica e a implantação de uma indústria teuto-brasileira para a fabricação de componentes e de combustível para reatores em um prazo de 15 anos. Nos últimos 33 anos, nem mesmo a metade dessa ambição foi alcançada.   Entretanto, para o Brasil, o acordo de 1975 não poderia ser rasgado antes da conclusão de Angra 3, uma das obras previstas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), anunciado no ano passado e em andamento. Daí a insistência do Itamaraty na inclusão de compromissos alemães de fornecimento de equipamentos e de peças para essa usina no acordo.   Uma vez concluída Angra 3, o governo brasileiro trocará a cooperação nuclear da Alemanha pela de outro país europeu mais alinhado a esse setor. Na disputa estão a França, a Inglaterra e a Bélgica.

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