
18 de maio de 2009 | 11h46
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentará em sua visita à China ampliar as relações comerciais entre os dois países. Entre os acordos, estão previstos investimentos em projetos petrolíferos e de infraestrutura, e cooperação no setor de biocombustíveis. Lula chegou a Pequim nesta segunda-feira, 18, para uma visita oficial de três dias. Numa entrevista ao jornal econômico chinês "Caijing", Lula disse que, diante da crise global, Brasil e China têm que "pensar grande".
Veja também:
Apesar de crise, Brasil exporta 65% a mais para China em 2009
China quer relação de economia de mercado com Brasil
Sobre os acordos que espera assinar em Pequim, o presidente destacou um entre o BNDES e o Banco de Desenvolvimento da China (BDC), e outro entre esta última entidade e a Petrobras, que pretende explorar petróleo em águas profundas da China. Outros acordos contemplam o lançamento conjunto de dois satélites, cooperação em leis comerciais e civis e um protocolo contra crimes transnacionais.
Na mesma entrevista, Lula disse esperar que os investimentos da China no Brasil aumentem, sobretudo em projetos petrolíferos e de aeroportos e outras infraestruturas. "Vamos focar as energias renováveis, especialmente o etanol e os biocombustíveis", disse o governante, que sugeriu à China produzir biocombustível no Brasil e na África, onde geraria mais emprego e Receita.
A pauta de visita inclui ainda temas bilaterais como comércio e cooperação tecnológica na área espacial. Segundo a Agência Brasil, o governo brasileiro quer abrir o mercado chinês para exportação de carnes de frango e de porco. No caso do frango, os chineses aceitaram inicialmente, mas não estão autorizando as licenças de importação. No caso da carne de porco, a China é a maior produtora e consumidora mundial. Consome 40% de toda a carne de porco produzida no mundo. Para autorizar as exportações brasileiras, os chineses querem que o Brasil compre também.
Às 18h30 (hora local), terá um jantar privado oferecido pelo presidente Hu Jintao no Jardim Imperial da Casa de Hóspedes. Na terça-feira, os atos oficiais começarão com a inauguração do Centro de Estudos Brasileiros na Academia Chinesa de Ciências Sociais, que agrupa os especialistas que assessoram o Executivo. Em seguida, Lula presidirá uma reunião entre empresários chineses e brasileiros.
Ainda na terça-feira, mas na parte da tarde, o governante brasileiro vai se reunir com o primeiro-ministro Wen Jiabao. Depois, terá um encontro com o vice-presidente chinês, Xi Jinping, e com o mais alto conselheiro do Governo, Jia Qinglin. No fim do dia, Lula e Hu voltarão a se encontrar. Desta vez, para assinar uma série de acordos.
Parceria China e Brasil
Nos últimos dois meses, o país se tornou o maior importador de produtos brasileiros, superando os Estados Unidos. Entre outras questões, será abordada a reforma do sistema financeiro internacional para evitar futuras crises.Segundo números oficiais, 77% das exportações brasileiras à China estão concentradas em matérias-primas (soja e derivados, minério de ferro e petróleo), enquanto os investimentos chineses no Brasil foram de US$ 99 milhões entre 2002 e 2008, um terço do total aplicado pelas empresas brasileiras no país asiático nesse período.
Neste contexto, Lula proporá a Hu que o comércio entre as duas nações se baseie em suas próprias moedas e abandone o dólar, o que já acontece nas trocas entre Brasil e Argentina. "A China e o Brasil estão vivendo o melhor momento de suas relações bilaterais", declarou hoje à Efe Su Zhenxing, presidente da Associação de Estudos Latino-americanos da China. "Mas ainda é necessário ampliar o alcance da cooperação para manter o aumento do comércio a longo prazo", acrescentou.
Em outro acordo que será assinado durante a visita de Lula, a Embraer vai construir na China 25 aviões para Hainan Airlines, metade do pedido feito em 2006, revisto devido à crise. Acompanhado de uma delegação de 240 empresários, de vários governadores estaduais e de cinco ministros, o governante brasileiro tentará ainda fechar um acordo para a abertura de um escritório da agência estatal de promoção de exportações e investimentos (APEX) em Pequim.
Lula, que chegou a Pequim vindo da Arábia Saudita, visitou a China pela primeira vez em 2004. Desde então, os líderes de ambos os países se reuniram várias vezes fora de seus respectivos territórios.
(Com Agência Brasil)
Encontrou algum erro? Entre em contato