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Lula defende equilíbrio no comércio internacional

Em viagem na Turquia, presidente desiste da defesa de superávits comerciais e diz que o Brasil não pode ?ficar dormindo de touca no mercado global?

Por Jamil Chade
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abandonou o discurso de defender um superávit comercial para apontar que um "comércio equilibrado" é o que melhor pode atender os interesses de todos. No início da crise, o superávit brasileiro na balança comercial começou a diminuir e passou a preocupar o governo. Mas, em 2009, disparou e já soma mais de US$ 7 bilhões. Mesmo assim, o presidente alertou: "O Brasil não pode fica dormindo de touca no comércio mundial". "Todo país, seja socialista ou não, quer ter superávit comercial. Essa não é a melhor política. O melhor é ter um comércio equilibrado e ter parcerias para produzir algo novo e cada país ganhar algo", disse ontem o presidente, em uma conferência de imprensa no último dia de uma viagem pela Arábia Saudita, China e Turquia. Ele ainda destacou como países exportadores estão sendo afetados pela crise. "Cada país está tentando fazer o que pode para ter menos prejuízo possível. Os países que importam mais estão diminuindo as importações sem levar em conta que alguns países fizeram de suas economias como base de exportação para o país que deixou de importar", disse Lula. Segundo ele, esse fenômeno esta atingindo países que não tinham "nada a ver com a crise". Nos 91 primeiros dias de 2008, o superávit comercial brasileiro havia sido de pouco mais de US$ 4,9 bilhões. Neste ano, supera US$ 7,7 bilhões. Apesar o aumento do superávit, o governo rejeita qualquer abertura unilateral de seu mercado. "Não está nem sendo cogitado isso. Seria impossível aceitar uma redução de taxas de importação", afirmou Miguel Jorge, ministro do Desenvolvimento, INdústria e Comércio Exterior. Apesar de defender o equilíbrio, Lula insiste que o País precisa partir em busca de novos mercados. "O mundo não protege quem dorme. Nós temos de sair vendendo", disse Lula, justificando suas viagens."Antes o Brasil era o único que produzia café. Hoje, tem concorrência e o Vietnã produz muito. Se o Brasil ficar dormindo de touca, cada espaço que deixar de visitar, alguém vai ocupar", disse Lula. BAILE MUNDIAL O presidente ainda comparou o comércio mundial a um baile. "Isso aqui é como um baile, com mais homens que mulheres. Se ficar sentado, não vai dançar", disse. "Temos que sair para disputar cada centímetro de mercado", defendeu. Sua ideia é de que governadores, autoridades e empresários acelerem o ritmo de viagens internacionais. Lula ainda faz uma avaliação de suas viagens pelos três países que visitou nesta semana. "O Brasil precisa buscar muitos outros parceiros para não ficar dependente de um ou outro mercado. Precisamos sair ao mundo", disse. Segundo ele, a crise explica a "peregrinação" que fez por vários continentes. Mas sua viagem à China foi criticada por alguns empresários, que esperam mais resultados dos encontros. Na Arábia Saudita e Turquia, Lula foi o primeiro chefe de Estado brasileiro a passar pelas regiões desde dom Pedro II. "Estamos refazendo os passos não de quem governou há dez ou 15 anos. Mas de quem governou há cem anos", disse. Lula ainda criticou os governos anteriores a ele. "Descobrimos que era lamentável que os nossos dirigentes não viajassem para difundir o Brasil e fazer negócios", criticou. "Será inexorável uma mudança dos empresários brasileiros. Será inexorável uma mudança em nossos ministros e dirigentes", disse Lula.

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