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Lula defende etanol de cana e critica o de milho

Ele chamou de "falácias, vergonhosas e medíocres" versões que apontam o biocombustível como o vilão da inflação

Foto do author Fausto Macedo
Por Anne Warth , Fausto Macedo e da Agência Estado
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva partiu hoje para o confronto aberto com os Estados Unidos na polêmica sobre o aumento dos preços dos alimentos e usou um tom ufanista ao defender a política brasileira do etanol. Ele chamou de "falácias, vergonhosas e medíocres" as versões que apontam para a produção do biocombustível nacional como o vilão da inflação. "Há um início de inflação que vai do Chile à China e um dos fatores que está causando um pouco da inflação é o alimento um pouco escasso no mercado", disse Lula. "Mas o que está acontecendo de verdade não é que o biodiesel aumentou o preço do alimento. O problema que não querem discutir, por exemplo, é o quanto implica no custo do alimento o fato de o petróleo ter saído dos 30 dólares para 120 dólares o barril." O presidente disse que "é uma falácia tentar dizer que a produção de biocombustível é a responsável pelo aumento do preço dos alimentos que está acontecendo no mundo inteiro". Lula participou da solenidade de inauguração da Unidade Paulínia da Braskem para produção de 350 mil toneladas anuais de polipropileno, em parceria com a Petrobras. EUA Ao lado do governador José Serra (PSDB), Lula anotou que "num primeiro momento o etanol brasileiro era uma coisa muito charmosa, mas num segundo momento os Estados Unidos atropelaram e começaram a produzir etanol com milho, criando uma discussão sobre a produção de alimentos no mundo". "Não é recomendável produzir álcool a partir do milho, ainda mais com milho subsidiado", insistiu o presidente. "Seria muito mais lógico que os Estados Unidos fizessem parcerias com a América Central e o Caribe para produzir etanol e que a União Européia firmasse parcerias com o Brasil e África." Empresários O presidente conclamou os empresários a aderir a uma cruzada. "A chance é agora de o Brasil se industrializar, se transformar numa economia forte, num dos maiores exportadores de alimentos do mundo sem abdicar da produção de combustível renovável, limpo, gerador de emprego e de riqueza." "Seria mais fácil serem honestos e dizer que está faltando alimento porque os subsídios na Europa não incentivam os africanos a produzir", declarou. "Precisamos comprar essa briga e obrigá-los a dizer qual é a verdadeira razão de falta de alimentos no mundo. Não ficaremos quietos a continuarem as críticas deslavadas contra o etanol e os biocombustíveis." Ele classificou essas críticas de "medíocres, pobres de espírito e vergonhosas, de quem não sabe fazer a discussão tecnológica." Guerra O presidente afirmou que "esse é um debate que não tem nada de ideológico, é um debate eminentemente comercial, de ocupação de espaço na geografia comercial do mundo". "Espero que essa guerra não aconteça, mas se eles quiserem fazer a guerra tecnológica, a guerra verbal, ambiental, é importante eles saberem que o Brasil dessa certamente nem fugirá e, tenho certeza, vencerá essa luta porque estamos com a razão." Uma vez mais exortou os empresários e também a imprensa. "Espero que assumam essa bandeira." Carro verde Empolgado, Lula associou o que chamou de carro verde a um outro produto de exportação brasileiro. "Terei o maior prazer em apresentar para a União Européia e aos Estados Unidos o primeiro carro verde, cheirando a cachaça, movido a etanol e com plástico produzido do álcool, para eles verem que o etanol veio para ficar." Doha Lula disse também que o Brasil está disposto a ser flexível e ceder nas áreas de indústria e serviço nas negociações da Rodada Doha, desde que isso não implique o fim da industrialização dos países latino-americanos. "O papel que o Brasil exerce na Organização Mundial do Comércio (OMC) poderia ser exercido por Estados Unidos ou China, mas não é, porque o Brasil tem uma estratégia de mudar a política comercial do mundo", disse.

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