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Lula defende mudanças na TR

Em inauguração de conjuntos habitacionais, ele tranqüilizou compradores dizendo que correção do financiamento será feita pela TR, que "se Deus quiser, vai baixar"

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta Quarta-feira a redução da Taxa Referencial (TR), que corrige a caderneta de poupança e o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Em cerimônia de inauguração de quatro conjuntos habitacionais no Rio, Lula tranqüilizou os compradores dizendo que a correção do financiamento será feita pela TR, que "se Deus quiser, vai baixar um pouco mais". "Eu me casei em 1979 e fui morar de aluguel", contou o presidente. "Eu achava o dinheiro mais amaldiçoado... Era trabalhar o mês inteiro e chegar no fim do mês e pegar uma parte do salário e pagar o aluguel, que eu sabia que não era meu, que não ia ter retorno", disse o presidente a uma platéia de arrendatários, listando os percalços que enfrentou para conseguir comprar sua primeira casa própria. O discurso do presidente foi curto, com direito a brincadeiras com os clubes de futebol do Rio, aproveitando a presença do governador Sérgio Cabral, com quem divide, no Rio, a preferência pelo Vasco da Gama. Depois de encerrada a cerimônia, Lula retomou o microfone para dirigir-se aos mutuários. "Todo mundo fica preocupado com a prestação. Mas queria dizer a vocês que o aumento vai ser pela TR. A TR está baixa e, se Deus quiser, vai baixar um pouco mais." Depois de extensa agenda no Rio, onde visitou a Cidade do Samba, o Maracanã e o Palácio Guanabara, sede do governo fluminense, Lula foi à Zona Oeste da cidade inaugurar os conjuntos habitacionais, construídos dentro do Programa de Arrendamento Residencial, da Caixa Econômica Federal (CEF). O PAR funciona como uma espécie de leasing, onde o arrendatário paga mensalidades por 15 anos e depois se torna proprietário do imóvel. O programa prevê reajuste pela TR mais 3% ao ano. Alterações A decisão sobre a mudança no cálculo da TR foi tomada em reunião extraordinária do Conselho Monetário Nacional (CMN), na segunda-feira, e será implementada a partir de uma modificação tecnicamente complexa na fórmula de cálculo do chamado redutor da Taxa, o indexador que corrige os depósitos na caderneta, as contas do FGTS e a maior parte das prestações da casa própria. A mudança no cálculo da TR foi sugerida ao governo, no ano passado, pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Em estudo encaminhado ao Banco Central (BC), a entidade alertava para o risco de um deslocamento maciço de recursos dos fundos para as cadernetas. Na época, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do BC, Henrique Meirelles, disseram que a medida ´não estava na agenda´. A decisão de mexer no rendimento da poupança obedeceu a uma lógica do mercado financeiro: quanto maior a segurança do investimento, menor a rentabilidade. E isso, segundo entendimento do Ministério da Fazenda e do BC, deve prevalecer, também, para os rendimentos da caderneta, cujos depósitos são garantidos pelo governo. O que a mudança na TR provoca - queda da rentabilidade da poupança; - redução da remuneração das contas do FGTS; - beneficiará os mutuários do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), já que as prestações dos financiamentos vai cair.

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