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Lula demonstrou desconforto com apoio de Chávez à Bolívia

Amorim disse que o prestígio internacional do Brasil não foi abalado pela nacionalização das reservas de petróleo e gás na Bolívia

Por Agencia Estado
Atualização:

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, reconheceu hoje, em audiência na Comissão de Relações Exteriores do Senado, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstrou ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, o seu desconforto pessoal com o apoio do governo venezuelano à decisão da Bolívia. O senador Arthur Virgílio destacou que está havendo uma ascensão de Chávez como líder da América Latina. "Temo que nasça um novo eixo de poder na América do Sul, não mais entre Brasil e Argentina, mas entre a Venezuela e a Argentina. E vejo que o prestígio do presidente Lula está em xeque", afirmou Virgílio. Ele disse que a proposta da Bolívia de aumentar em 61% o preço do gás vai gerar um aumento para o consumidor no Brasil de 10% a 15% nos próximos meses e que isso não pode ser absorvido pelos acionistas da Petrobras, como está sendo defendido pelo governo. Liderança do bloco Ele disse ainda que o prestígio internacional do Brasil não foi abalado pela nacionalização das reservas de petróleo e gás na Bolívia e nem pela atuação do presidente da Venezuela em apoio a Evo Morales. "A liderança do Brasil não está em xeque", disse Amorim, lembrando que nunca houve uma presença comercial do Brasil tão forte como agora. A reação do ministro foi em resposta ao líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), que questionou a presença de Chávez no encontro do presidente Lula com os presidentes da Argentina, Néstor Kirchner e da Bolívia. Amorim explicou que a presença de Chávez se justificava pela integração macroeconômica da América do Sul, já que a principal reserva de petróleo se encontra na Venezuela e que, portanto, é difícil separar os assuntos da integração e da nacionalização das reservas da Bolívia. Paraguai e Uruguai Amorim reconheceu também que o Brasil fez pouco pelos sócios menores do Mercosul, o Paraguai e o Uruguai. Na avaliação do ministro é preciso ter "atos de generosidade", como estender financiamentos do BNDES para a instalação de empresas no Uruguai, e ter uma política pela qual o governo adquira produtos dos países vizinhos. Ele avaliou que a crise entre o Uruguai e a Argentina em torno da instalação de uma fábrica de papel, na fronteira entre os dois países, seria bastante amenizada se o Brasil tivesse favorecido investimentos no Uruguai.

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