O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje que a crise financeira decretou o fim de doutrinas e concessões econômicas vigentes nos últimos anos no sistema financeiro. "Os sistemas financeiros foram duramente abalados, e com eles doutrinas e concessões econômicas que predominaram nos últimos 20 anos", disse ele, durante o encerramento do 3.º Fórum de CEOs Brasil-Estados Unidos, realizado na capital paulista. Ele disse também que esta era uma crise anunciada e que é preciso construir uma nova ordem econômica mundial no longo prazo para impedir que crises como esta se repitam. "Este é o momento de adotar medidas regulatórias capazes de controlar a anarquia que se abateu sobre a economia mundial", afirmou. Lula elogiou as recentes medidas adotadas pelo governo norte-americano e pelo Reino Unido, mas reconheceu que essas ações levarão algum tempo para surtir efeito. Em seguida, ressaltou que a crise atinge principalmente os países mais desenvolvidos, embora os impactos também sejam sofridos nos países emergentes. "Portanto, não é justo que a parte mais pobre termine pagando pelos desacertos que poucos fizeram no mundo. Também não é justo que países que fizeram um grande esforço para reconstruir suas economias arquem com os custos da irresponsabilidade daqueles que conduziram essa crise da economia global", declarou. Otimismo O presidente disse que suas declarações a respeito da crise têm sido mais otimistas do que alguns gostariam. Ele explicou que, na verdade, ele não venderá catástrofes se não estiver vendo um cenário catastrófico e ressaltou que o Brasil vem se preparando há anos para tornar a economia mais sólida e enfrentar crises internacionais. "Penso que o Brasil está mais preparado. Não é pouca coisa uma economia como a americana ter uma recessão. Não é pouca coisa se a Europa tiver uma recessão. Isso vai atingir o mundo inteiro, mas eu penso que o Brasil está mais preparado do que qualquer país no mundo hoje para enfrentar essa situação", opinou. Na avaliação dele, não há sinais de que o sistema financeiro brasileiro esteja envolvido em operações como as de subprime (crédito de alto risco) norte-americano. O presidente comparou a crise a um adolescente que esconde seu boletim com notas vermelhas dos pais. Além disso, ele ressaltou que o Brasil está preparado para financiar as exportações e o crescimento econômico sem interromper as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e ainda reforçando o caixa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). "O calendário do pré-sal vai continuar acontecendo", destacou, referindo-se aos investimentos para a exploração das novas jazidas de petróleo e gás. O presidente disse novamente que o País está colhendo os bons frutos da responsabilidade com que tratou a economia e disse que os trabalhadores brasileiros não precisam se preocupar. "Ninguém precisa diminuir as compras", recomendou. "Pode continuar comprando, mas compre apenas aquilo que seu salário pode pagar. Não compre mais."