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Lula garante que gás não vai aumentar para consumidor

Ele não descartou, porém, que a Petrobras pague mais caro pelo produto. Contudo, Lula não disse como a Petrobras contabilizaria este prejuízo.

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu hoje que o consumidor não pagará mais caro pelo gás, mesmo que haja um aumento do preço do produto exportado pela Bolívia. Ele não descartou, porém, que a Petrobras pague mais caro pelo produto, reforçando as declarações de ontem, no encontro com os presidentes da Bolívia, Argentina e Venezuela, quando aceitou negociar a questão. Lula não disse, contudo, como a Petrobras contabilizaria este prejuízo. "Não tenho dúvidas de que a Bolívia vai cumprir os contratos. Não vai aumentar o gás e, se aumentar, vai ser para a Petrobras, não para o consumidor", afirmou. O discurso de Lula, na cerimônia de inauguração da hidrelétrica de Aimorés, em Minas Gerais, foi praticamente todo voltado à questão da Bolívia. O presidente rebateu as críticas de que o Brasil aceitou sem reclamar as duras medidas do governo boliviano contra a atuação da Petrobras. Novamente, defendeu a soberania boliviana, mas não criticou a igualmente dura reação da Petrobras. "O Brasil, perto da Bolívia, é um país rico. Em três anos de governo, não consegui brigar com o Bush. Vou brigar com a Bolívia? Primeiro, acho que a Bolívia tomou uma decisão soberana, como acho que a Petrobras tem direito de pedir pagamento pelo investimento que fez. A Petrobras é uma empresa. E como empresa investirá em qualquer lugar que lhe garanta o retorno do capital investido, mais o lucro. Tem gente que acha que tem que ser duro para resolver o problemas. Eu às vezes acho que ser carinhoso resolve", declarou. Lula não desiste do megagasoduto O presidente Lula demonstrou ainda que a crise com a Bolívia por causa da nacionalização das reservas de gás não o fizeram desistir do projeto de construir um megagasoduto da Venezuela até o Chile, defendido por seus colegas, o presidente venezuelano Hugo Chávez e o argentino Nestor Kirchner. "Estamos pensando em construir um gasoduto interligando toda a América do Sul, passando pelo Brasil, ligando a Amazônia ao Nordeste, até chegar à Argentina, ao Chile, é um megaprojeto, quase 8 mil quilômetros de gasoduto. E nós sabemos que é um projeto para uma década", disse. E acrescentou: "Se nós quisermos pensar que a América Latina vai ser uma região desenvolvida no século 21, ou nós pensamos grande ou ficamos pensando pequenininho e sempre sermos um país pequenininho", afirmou. Críticas ao governo anterior Lula aproveitou a ocasião para acusar veladamente o governo de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, de ter tornado o Brasil dependente do gás produzido pela Bolívia, e, embora voltando a defender o direito dos bolivianos de nacionalizarem a produção, elevou levemente o tom da polêmica em relação aos vizinhos. Além de comparar o problema ao "apagão" energético que ameaçou o Brasil em 2001, o presidente contou que, na reunião ontem com o presidente Evo Morales, reclamou com o colega da ocupação das refinarias da Petrobras Bolívia por tropas do Exército local. "Eu disse: Não precisava ter mandado o Exército local. Não precisava mandar o Exército, temos endereço", disse Lula a Morales, segundo declarou, em discurso na solenidade de inauguração da Usina de Aimorés (UHE Eliezer Batista), em Aimorés, Minas Gerais, junto à divisa com o Espírito Santo. Ele voltou a defender a construção de um gasoduto que vá da Venezuela à Argentina, passando pelo Brasil, obra avaliada em US$ 23 bilhões e que muitos especialistas do setor acusam de ser inviável.

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