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Lula rebate críticas à política de comércio exterior

O presidente argumentou contra as queixas feitas pelo empresariado brasileiro à administração dele pelo reconhecimento da China como economia de mercado

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, rebateu hoje as críticas que seu governo tem recebido em alguns aspectos da política de comércio exterior. Ele destacou que o País atua hoje com uma nova mentalidade, enfatizando a capacidade de exportar produtos beneficiados, como aviões, e não apenas primários, caso de soja, suco de laranja e minério de ferro. Ele reiterou que, no Brasil, o investimento italiano vai se sentir em casa, inclusive porque o Brasil é um país multirracial e com histórico de tolerância entre miscigenações diferentes. Demonstrando descontração no discurso proferido no Fórum Empresarial Brasil-Itália, realizado no auditório do edifício da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), nesta quarta-feira na capital paulista, o presidente chegou a até mesmo cometer uma leve gafe, ao comparar o Brasil com Itália: "acho que cada um de nós, quando vai à Itália, desceu no aeroporto (e vê) que a bagunça é parecida com a nossa". Diante do riso e de aplausos de parte da platéia, Lula tentou corrigir: "a gente se sente mais próximo, mais feliz e eu tenho certeza que vocês aqui (também se sentem), até no jeito de falar". Lula rebateu ainda as queixas feitas pelo empresariado brasileiro à administração dele pelo reconhecimento da China como economia de mercado, feito pelo governo no ano passado. "Ou colocamos a China no âmbito da Organização Mundial do Comércio, envolvendo-a nas discussões dos fóruns que ajudamos a instituir, ou deixamos a China de lado e eles vão ocupando espaço onde quer que seja. Precisamos comprometê-los, como o Brasil e todos os outros países estão comprometidos", argumentou. Na visão do presidente, se o país asiático não participar das discussões dos fóruns internacionais, os debates serão mantidos "em paralelo", e o Brasil terá dificuldade de competir comercialmente com chineses e indianos, uma vez que as duas nações representam mais de um terço da população mundial, contando com mais de 2,4 bilhões de habitantes. Prova de que a China teria ocupado espaço, segundo Lula, seria o reconhecimento feito pelo governo norte-americano à economia chinesa, a ponto de o próprio presidente George W. Bush ter anunciado a China como parceiro estratégico e preferencial dos Estados Unidos. Resposta Lula conclamou empresários brasileiros e italianos a extrapolarem os acordos bilaterais entre empresas para o campo político. Ele insistiu também na necessidade de empresas associadas dos dois países abrirem outros mercados em parceria, e que os empresários não se preocupem apenas em cobrar e construir projetos para o futuro longínquo, mas que atuem pensando no ontem e no hoje.

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