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Lula reclama de sindicalistas na definição do mínimo

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Por Leonencio Nossa
Atualização:

Em dia de protesto de estudantes contra o reajuste dos parlamentares, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reclamou da campanha dos sindicalistas por um salário mínimo superior à proposta defendida pelo governo, de R$ 540. No café da manhã com jornalistas, ele disse que qualquer alteração será decidida pela sua sucessora, Dilma Rousseff. "Se tiver de haver mudança, a presidente Dilma fará depois de janeiro", afirmou. "A nossa proposta é justa, coerente e tem de ser levada a sério."Lula se queixou que os sindicalistas não estão aceitando acordo fechado em 2007 que prevê reposições do salário mínimo levando em conta perdas com a inflação e aumento do Produto Interno Bruto (PIB). "Os companheiros sindicalistas não podem fazer um acordo e esse acordo só vale quando se é para ganhar mais. Quando é para ganhar menos, não vale", disse. "Temos um acordo para recuperar o salário mínimo até 2023", completou.O presidente disse que, por conta da crise financeira internacional, o PIB brasileiro neste ano ficou abaixo das expectativas iniciais e, por isso, o governo mandou para o Congresso proposta de um reajuste de R$ 540. Ele avaliou que uma mudança nos critérios de reajuste do salário mínimo causará prejuízos para os trabalhadores já nos próximos anos, quando o governo estima um crescimento gradual da economia.JurosDurante o café, o presidente evitou dar palpite sobre a economia brasileira no próximo ano. Questionado sobre sua avaliação quanto ao controle da inflação no Brasil e sobre decisões recentes da China, que anunciou elevação de juros pela segunda vez em dois meses para combater a inflação, comentou: "Está dentro da afirmação de que não posso dar palpite; 5,3% (previsão da inflação no Brasil) é um índice dentro da meta. A inflação me preocupa todo dia, toda hora porque ela corrói o poder aquisitivo do salário. A previsão de 2011 está dentro da meta."Lula observou que a partir do dia 1º haverá um outro governo e uma outra diretoria do Banco Central (BC). "Em janeiro, o Copom (Comitê de Política Monetária) vai se reunir e o presidente do Banco Central será outro. Eu não vou falar se é hora de subir ou não (os juros). A última vez que o Copom se reuniu no meu governo não aumentou (os juros)", disse. "A dosagem do remédio será dada pela autoridade monetária."Ao analisar a crise financeira internacional, o presidente destacou que o seu governo tomou medidas para aumentar o crédito no mercado, liberando o compulsório e permitindo mais financiamento de veículos. Ele observou que houve uma "intervenção forte" no Banco do Brasil e na Caixa para acelerar medidas para combater a crise. "Nós aqui levamos dez dias para resolver o problema de financiamento de veículos. O Obama (Barack Obama, presidente dos Estados Unidos) levou sete meses para resolver o problema da General Motors."ProtestoPouco depois da entrevista, cerca de 100 estudantes despistaram a segurança do palácio e ocuparam a rampa em protesto ao aumento de salários dos parlamentares e à política educacional do governo. A ideia era subir a rampa do Legislativo, mas o excesso de seguranças em frente ao prédio levou os manifestantes a mudar de estratégia. Sobrou para a presidente eleita: "Ô Dilma, que papelão, tem dinheiro para ministro, mas não tem para a educação", diziam em coro.

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