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Lula rejeita previsão de queda do PIB

Morgan Stanley reduz estimativa de zero para -4,5%, mas presidente ironiza capacidade de acerto dos bancos

Por Patrícia Campos Mello e Nalu Fernandes
Atualização:

Em seminário para cerca de 200 investidores estrangeiros no tradicional hotel The Plaza, em Nova York, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma defesa enérgica das previsões do governo para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), consideradas otimistas por muitos analistas. Ontem pela manhã, o banco Morgan Stanley reduziu sua estimativa de crescimento do PIB brasileiro em 2009 de zero para uma queda de 4,5%. "Cresceremos em 2009 menos do que gostaríamos, menos do que poderíamos se não fosse a crise externa, mas vamos crescer", defendeu Lula em discurso no seminário promovido pelos jornais The Wall Street Journal e pelo Valor Econômico. "Estamos enfrentando as dificuldades com todos os instrumentos à nossa disposição. Enquanto a maioria dos países ricos mergulha na recessão, o Brasil vai continuar crescendo", disse o presidente. Lula ironizou a capacidade dos bancos de fazerem previsões acertadas. "Esses bancos não acertaram nem a situação deles, o que dizer da situação do Brasil", afirmou. "Essa previsão não me preocupa, não é a do Banco Central, do Ministério do Planejamento ou do Ministério da Fazenda." De acordo com o presidente, os investimentos previstos "já estão em andamento" e o deixam confiante de que o crescimento será positivo neste ano. "Certamente não vamos crescer do jeito que estávamos crescendo em 2006, 2007 e 2008, mas no momento nós somos o país com maior poder de atrair investimentos, ao lado da China", afirmou Lula. O presidente disse que as prioridades para o encontro do G-20 (grupo dos 20 países mais industrializados), marcado para o dia 2 de abril em Londres, serão a estatização dos bancos, garantia de créditos para países em desenvolvimento, a regulamentação financeira e a fiscalização dos paraísos fiscais. Ele voltou a dizer que o protecionismo pode agravar a crise. Mas escorregou e lançou um "Buy Brazilian": "Se tivesse de comprar alguma coisa, não ia comprar, porque sou nacionalista, ia comprar no Brasil. Não ia comprar aqui se o Brasil precisa aquecer o comércio. Essa é uma atitude que o presidente precisa tomar", disse, ao explicar por que não comprou um casaco em Nova York, apesar de ter esquecido o seu em casa. MUNIÇÃO O Brasil tem espaço para adotar mais estímulos fiscais e está bem posicionado para enfrentar a crise financeira global, o que faz os papéis de sua dívida serem uma alternativa atraente aos títulos do Tesouro dos Estados Unidos. A afirmação é do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Os comentários estão alinhados com a visão de alguns investidores, de que o País pode relaxar a meta de superávit primário diante da desaceleração econômica esperada para este ano. "Ainda temos muita munição", afirmou Mantega, durante o seminário em Nova York. O ministro destacou que o País ainda pode contar com gastos e mais alívio monetário. "O fato de o Brasil ser agora credor líquido (as reservas superam a dívida do governo) nos dá uma vantagem." Mantega lembrou que autoridades chinesas expressaram recentemente preocupação com o perfil de crédito dos Estados Unidos, uma vez que a China é o maior detentor externo de títulos da dívida americana. Embora tenha afirmado não ver razão para preocupações com a solidez das finanças do Tesouro dos Estados Unidos, Mantega disse que, "se há alguém preocupado em investir em Treasuries, há uma alternativa segura e mais rentável: bônus brasileiros".

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