O presidente Luiz Inácio Lula da Silva acabou revelando, no discurso que fez durante assinatura de um contrato da Petrobrás com a Cuba Petróleo, que pretendia tomar um banho de petróleo ao participar recentemente, no Espírito Santo, da inauguração oficial do processo de extração de óleo da camada do pré-sal. "Eu fui ao Espírito Santo e botei a mão em óleo tirado de 4.000 metros (de profundidade). Eu queria tomar um banho de petróleo. Mas o Gabrielli (José Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobrás) me disse que não podia, porque ainda há muito produto prejudicial no petróleo cru", relatou. Na ocasião, Lula limitou-se a lambuzar as mãos de óleo. Veja também: CMN aprova resolução que libera crédito de R$ 8 bi à Petrobras Apex abre escritório em Cuba; Petrobras assina acordo O caminho até o pré-sal Mapa da exploração de petróleo e gás Na presença do presidente cubano, Raúl Castro, que chegou de surpresa à cerimônia de assinatura do contrato, Lula afirmou que, se houver petróleo no litoral de Cuba, "a Petrobrás vai encontrar", seja a 3 mil metros, seja a 7 mil. "Porque, no Brasil, descobrimos uma quantidade tão grande de petróleo que ainda não podemos medir." Acrescentou que a tecnologia desenvolvida pelo Brasil de exploração de petróleo em águas profundas transformará o País "num dos maiores produtores do mundo". Raúl Castro iniciou seu discurso anunciando que falaria pouco por "não ter a inteligência nem falar tão bem quanto Lula" e, surpreendentemente para um governante de um país comunista, acabou citando Deus. Lembrando o fato de que, no Golfo do México, os Estados Unidos e o México possuem petróleo, disse que deve haver também no território e no mar cubanos. "Deus não pode ser tão injusto de não ter deixado petróleo para Cuba", disse. Lula lembrou, em seu discurso, que as Nações Unidas aprovaram nova resolução determinando o fim do embargo comercial dos Estados Unidos a Cuba. "Certamente (a resolução), não valerá nada, porque já estamos habituados a que as resoluções da ONU não sejam cumpridas pelos grandes, só pelos pequenos", afirmou o presidente. Mas acrescentou que, de qualquer forma, valia recordar uma expressão muito usada no Brasil: "Água mole em pedra dura tanto bate até que fura". Lula anunciou para o início de dezembro uma visita de Raúl Castro ao Brasil para participar de um debate sobre a crise internacional do qual participarão países da América Latina e Caribe. Em seu último compromisso público em Havana, o presidente brasileiro esteve no Estado-Maior da Defesa Civil, onde ouviu relatos sobre os efeitos de recentes furacões sobre a ilha de Cuba e prestou solidariedade às vítimas. Lula disse que assistiu a um filme de 30 minutos sobre esses furacões e ficou muito impressionado. Comentou que seu governo enviou a Cuba 1.500 toneladas de arroz e enviará mais 15.000. Acrescentou que pretende conseguir emprestado da Espanha um navio de 50 mil toneladas para enviar a Cuba, Haiti, Jamaica e Honduras mais 45 mil toneladas para serem distribuídas em duas semanas. Explicou que o empréstimo será necessário porque o Brasil não possui um navio que transporte 50 mil toneladas, "o Brasil tem déficit de 10 bilhões de dólares anuais em frete marítimo."