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Lula tenta negociar com Morales; Gabrielli garante gás

O presidente terá um contato também com outros chefes de Estado da América Latina. Estatal afirma que contrato de compra do produto vai até 2019

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve entrar em contato diretamente com Evo Morales para discutir a questão da nacionalização das reservas de gás da Petrobras em solo boliviano. Além disso, o presidente telefonará para chefes de Estados de outros países da América do Sul para debater a questão. Enquanto Lula tenta renegociar a decisão do vizinho, o porta-voz da presidência da República, André Singer, afirmou, na manhã desta terça-feira no Palácio do Planalto, que o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, garantiu não haver qualquer risco de fornecimento de gás natural ao País. "A Petrobras tem todas as condições de garantir que o fornecimento continuará normal", disse. Foi iniciada na manhã desta terça uma reunião entre Lula e seus assessores para discutir a decisão de Morales. A reunião prossegue ao longo da tarde, com a participação dos ministros da Casa Civil, Dilma Rousseff, da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, de Minas e Energia, Silas Rondeau, de Relações Institucionais, Tarso Genro, da Fazenda, Guido Mantega, além do presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, do secretário geral da Presidência da República, Luiz Dulci, do secretário executivo do Ministério das Relações Exteriores, Samuel Guimarães, e do assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia. Contrato O diretor da área de Gás e Energia da Petrobras, Ildo Sauer, confirmou a informação de Singer, afirmando que o abastecimento de gás está garantido por contrato até 2019, com volume de 24 milhões a 30 milhões de metros cúbicos por dia. "O risco de desabastecimento é próximo de zero. A relação da Petrobras-Bolívia com a YPFB (estatal boliviana) para a compra de gás não foi afetada em nada", garantiu. Segundo o diretor, nas negociações com a Petrobras, os representantes do governo boliviano já vinham apontando que não tratariam a empresa com excepcionalidade, como chegaram a acenar há cerca de um mês. Rentabilidade Sauer aproveitou para afirmar que a rentabilidade dos investimentos da estatal na Bolívia serão profundamente afetados com a nacionalização das reservas. "A Petrobras pode perder dinheiro", disse, sem entrar em detalhes sobre o montante. "Estão sendo feitas simulações para calcular isso", revelou. Sauer salientou que, com a regulamentação do decreto, está se iniciando um período de transição de seis meses, durante o qual serão renegociados os contratos. A relação de rentabilidade na Bolívia foi completamente invertida, lembrou o diretor. Até o ano passado, 18% da receita de produção iam para o governo, enquanto 82% ficavam com as empresas. Depois, esta relação passou a ser meio a meio e, agora, o governo boliviano passa a deter 82%. Sauer acredita que a Bolívia não pode abrir mão do Brasil, que é "a sua galinha dos ovos de ouro", mas reconhece que a unilateralidade da decisão surpreendeu a estatal brasileira, que esperava uma solução pactuada. "Eles querem aumentar o tamanho do ovo", resumiu.

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