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Lula vai a reunião do G8 e tentará acelerar acordo Mercosul-UE

Por Agencia Estado
Atualização:

O comissário europeu de comércio, Pascal Lamy, traçou uma estratégia para dar impulso às negociações União Européia (UE)-Mercosul, contando com a liderança do presidente brasileiro Luís Inácio Lula da Silva, segundo informam fontes diplomáticas ligadas ao comissário Lamy. A idéia é que o presidente Lula insista junto a Jacques Chirac e Gerard Schroeder para que autorizem os negociadores europeus ? entenda-se a Comissão Européia ? a melhorar sua oferta agrícola ao bloco sul-americano antes da votação da reforma da Política Agrícola Comum (PAC), em 11 de junho. A oportunidade poderia vir na próxima reunião do Grupo dos oito países mais desenvolvidos do mundo (G8), em Evian (França), entre os dias 1 e 3 de junho. Brasil, China e alguns países africanos estão convidados para participar do encontro como observadores. Essa idéia foi mencionada por Lamy ao ministro brasileiro de desenvolvimento, indústria e comércio exterior, Luiz Fernando Furlan, na última conversa, semana passada, em Bruxelas, ao lembrar que já teria falado com o presidente Lula sobre essa estratégia, quando esteve no Brasil, no começo de fevereiro. Furlan, segundo informam fontes comunitárias, teria assumido o compromisso de impulsionar este diálogo entre Brasil, França e Alemanha, com objetivo de conseguir, na prática, a decisão comunitária de incluir no plano de desgravação tarifária ? derrubada de tarifa em tempo progressivo - os 8,5%, que estão fora da oferta européia feita ao bloco sul americano. Participação brasileira Caso o presidente Lula consiga fazer uso de sua liderança para influenciar o presidente francês Chirac e o chanceler alemão Schroeder, comenta uma fonte diplomática, pelo menos o tema de acesso a mercados para produtos agrícolas na Organização Mundial do Comércio (OMC) deixaria de ser prioritário para o Mercosul, independentemente do resultado da reunião do Conselho de ministros da agricultura. A mesma fonte explica que, por meio do acordo birregional, seriam assegurados compromissos de liberalização, na forma de margens de preferência mais ou menos amplas, o que a UE nunca estará disposta a assumir no plano multilateral. Na OMC, uma concessão feita a um parceiro deve ser estendida a todos, em bases de nação mais favorecida. O interesse brasileiro é por acesso, porque o Brasil tem preços e quantidades para oferecer, comenta a fonte diplomática. A considerar também que, atualmente, já não há muito subsídio à exportação (a não ser para produtos muito específicos) e o apoio interno tende mesmo a ser dado por outras formas que não a sustentação de preços. "É evidente, ao mesmo tempo, que se a proposta Fischler é aprovada, isso facilita a vida de todo mundo, inclusive do Mercosul, já que dificilmente apoio interno e subsídios à exportação serão tratados no âmbito birregional", diz a fonte diplomática. O que fica claro para o Brasil com essa estratégia é que o País não precisa pressionar (mais do que já está) pela aprovação da proposta Fischler. As próprias necessidades internas da Europa farão o trabalho de pressão, avalia uma fonte brasileira. Flexibilização francesa Amanhã, uma reunião do mais alto nível está prevista em Paris entre o primeiro ministro francês, Jean-Pierre Raffarin, e os ministros da agricultura e finanças, Hervé Gaymard e Francis Mer, respectivamente. Paris sinaliza com uma possível flexibilização de sua posição em relação a proposta Fischler de reforma da Política Agrícola Comum (PAC). O projeto do comissário europeu da agricultura, Franz Fischler, não quer pagar mais as subvenções em função da produção, mas em função de referências à área de produção. Nas últimas declarações, a equipe de Raffarin ventilou aceitar uma desvinculação "parcial" das ajudas, o que seria uma mistura de ajuda à produção e de apoio à renda em proveito de alguns setores. É isto que estará sobre à mesa amanhã.

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