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Macaé é retrato das perdas que o setor de petróleo vem sofrendo

No município conhecido como capital do petróleo, o movimento nos hotéis caiu 25% e já não há fila nos bares e restaurantes

Por Alexa Salomão
Atualização:
Para a rescisão render. Tanzaniano Haji almoça no restaurante a R$ 1 Foto: Marcos de Paula/Estadão

Macaé, cidade do litoral do Rio de Janeiro, conhecida como capital do petróleo, tornou-se uma espécie de síntese da crise vivida pela cadeia de fornecedores da Petrobrás. “Aqui empresas fecharam as portas. Mesmo com o preço dos imóveis caindo, o número de placas de aluga-se e vende-se aumentaram. Bares, restaurantes e hotéis registram queda no movimento”, resume Vandré Guimarães, secretário de Desenvolvimento Econômico do município.

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Um dos negócios mais afetados é o de hospedagem. Macaé tem a segunda mais rede hoteleira no estado. Com 5 mil leitos, só perde para a capital. Historicamente, desde que foi elevada de vila de pescadores a polo de operações da Petrobrás, nos anos 80, conseguir um quarto de hotel sempre foi uma dureza. Há um ano, quem não fizesse reserva corria o risco de dormir na rua porque as empresas reservavam hotéis inteiros de segunda a sexta-feira. “O movimento caiu 25% neste ano e hoje é fácil encontrar vagas em qualquer dia da semana”, diz Marco Aurélio Gomes Maia, proprietário do Glória Garden e diretor de hotelaria do Macaé Convention & Visitors Bureau. 

Na orla, os restaurantes e bares do Polo Gastronômico da Praia dos Cavaleiros, ponto preferido pelos funcionários de empresas que passam a semana na cidade, a queda do movimento é estimada entre 8% e 10%. Só não foi maior porque, com a chegada dos meses quentes, o turismo de lazer agora cobre parte dos prejuízos do tradicional turismo de negócios. 

No varejo, 15% das lojas fecharam e a crise é dupla. O comércio sentiu a perda do movimento na cadeia do petróleo e ainda sofre os efeitos da desaceleração da economia nacional. “O próximo ano pode ser pior, pois muitas empresas do setor de petróleo estão fechando”, diz a empresária Márcia da Costa, proprietária das loja Babuska, na esquina da Rui Barbosa com a Silva Jardim, coração do comércio de rua. O que amenizou as perdas do ano, segundo Márcia, foram as promoções conjuntas, improvisadas por um grupo de 33 lojas. A ideia é manter a agenda de liquidações.

Após o Carnaval. O clima é de expectativa em relação a 2015 principalmente na Praça Veríssimo de Mello. O local é conhecido como “praça dos desempregados” por ser ponto de encontro entre os que busca informações sobre vagas no petróleo. “Dizem que é preciso passar o carnaval para as coisas se definirem”, explicou o baiano Ernesto Ribeiro do Santos, 46 anos, no meio de um grupo de oito desempregados, todos da área de perfuração. Nos 18 anos em que trabalha no setor é a primeira vez Santos que fica seis meses sem emprego. A espera exige paciência e disciplina. O técnico Hassan Iddi Haji, da Tanzânia, há 4 anos em Macaé, é um dos milhares de estrangeiros atraídos pelo petróleo. Foi demitido há cinco meses e espera dias melhores em 2015. Na quarta-feira, estava na fila do restaurante popular, que cobra R$ 1 por refeição, para esticar o dinheiro da rescisão. 

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