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Macedo Soares coloca panos quentes em relação com Argentina

Por Agencia Estado
Atualização:

Enquanto em Brasília o governo anunciava sua disposição de pagar na mesma moeda as medidas protecionistas da Argentina, adotando também salvaguardas contra produtos vindos daquele país, o coordenador das negociações pelo Brasil na reunião do Mercosul, Luiz Filipe de Macedo Soares, tratou de colocar panos quentes no clima de conflito. "Não é questão de olho por olho e dente por dente", disse, em entrevista concedida na noite de ontem. "As situações dos países são diferentes." Na avaliação do embaixador, o processo do Mercosul "progride e sofre com as vicissitudes resultantes da vida de seus membros". O desencontro de declarações reflete uma divisão que se nota há algum tempo nos bastidores do governo. De um lado, ministérios diretamente ligados à economia e ao comércio defendem um tratamento mais duro à Argentina. Os ministérios mais voltados à política, por sua vez, se preocupam mais com o caráter estratégico da relação com o país vizinho. Discussão não faz parte da pauta formal da reunião de cúpula do Mercosul Soares insistiu que as trocas de ameaças entre os governos brasileiro e argentino não contaminarão a reunião de cúpula do Mercosul. "As pendências comerciais do momento não extravasam para a agenda do Mercosul, primeiro, porque há uma agenda intensa e, segundo, tivemos uma reunião dos dois governos na semana passada", disse. O embaixador lembrou que já há uma reunião entre Brasil e Argentina marcada para janeiro para discutir os problemas bilaterais e a agenda do Mercosul é outra. Macedo Soares reconheceu que há, em parcelas da sociedade, um sentimento que "a Argentina não deveria nos perturbar tanto". Ele argumentou, porém, que o Brasil só tem a se fortalecer à medida que se aproximar do país vizinho. Na sua avaliação, a recuperação da economia argentina, que passou por uma "profunda crise", faz com que aumente o volume de exportações brasileiras para aquele país e isso vem provocando pressões de setores empresariais argentinos que querem proteção.

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