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Maconheiros sonham com mais qualidade e menos ‘seca’ no Uruguai

Expectativa é a de que a legalização do consumo e do cultivo estimulem a produção industrial de fumos melhores que a 'muy mala' maconha paraguaia

Por EFE
Atualização:

MONTEVIDEO - Um futuro sem prisões e sem ‘seca’, ou seja, sem falta de maconha no mercado, é a esperança dos usuários da droga neste momento em que o Parlamento está em vias de aprovar a primeira lei do mundo a legalizar o cultivo e a venda da substância.

A aprovação no Senado nas próximas semanas é dada como certa. Por enquanto, o tema está sendo discutido na Comissão de Saúde. Os usuários, enquanto aguardam, se preparam para uma ‘revolução’ na forma em que até o momento costumam aplacar a vontade de fumar as flores secas do cânhamo, nas consequências de sua prática e na sua interação com o restante da sociedade.

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Segundo ela, a mudança para os cultivadores domésticos terá um valor adicional de eliminar as ameaças de prisão, o que também tem sua importância.

Estigma. A eliminação do estigma também foi considerada importante por Pablo e Alejandro, dois usuários e cultivadores de cannabis, que se mostram muito satisfeitos com a expectativa de que não vão mais correr o risco de condenação. "Não é pouca coisa, e isso coloca o Uruguai numa perspectiva melhor em comparação a outros países da região, onde plantar para consumo próprio ainda pode significar até oito anos de prisão", comenta Pablo. A possibilidade de comprar maconha em um estabelecimento habilitado foi considerada uma mudança muito positiva pelo cidadão espanhol que está morando no Uruguai há três anos. "Tenho mulher e um filho, e não me atrai a ideia de ter de recorrer a traficantes para um consumo que considero recreativo", afirma ele. De acordo com cifras da Junta Nacional de Drogas, 20 % dos  uruguaios com idade entre 15 e 65 anos consumiu maconha alguma vez na vida e 8,3% consumiu nos últimos 12 meses, o que revela a facilidade com que a droga pode ser comprada no país.Qualidade. Consumidores consultados pela agência de notícias EFE disseram que a maconha paraguaia consumida no Uruguai é de qualidade muito ruim ("muy mala"), e pode ser encomendada por telefone ou nas ruas. O preço é considerado relativamente caro. "Antes de começar a plantar, comprava 25 gramas de maconha por cerca de 500 pesos (US$ 23,00). Agora o preço subiu para 700 pesos (US$  31 dólares). Isso quando há oferta, porque há um ano e meio enfrentamos uma ‘seca’", afirma Alejandro. Para este pai de dois filhos que cultiva maconha no quaintal de sua casa há dois anos, o fim da escasez que virá com a aprovação da nova lei deverá diminuir o narcotráfico, como espera o governo. "Muitos vão poder plantar e haverá menos interessados em pagar caro por uma porcaria", diz ele. Alejandro acha que o exemplo do Uruguai será positivo por demonstrar que a legalização não vai ‘provocar o fim do mundo’, como muitos temem. "Pelo aspecto econômico será bom para o país, pois haverá dinheiro para investimento em produção industrial de maconha", comenta ele.  "Pessoas com dinheiro que fumam maconha paraguaia vão refinar o gosto e terão prazer com gastar com produtos de melhor qualidade, o que vai estimular o cultivo de novos produtores".

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