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Para combater crise, governo Macri deve eliminar até 13 ministérios

Em crise, governo argentino anunciará nesta segunda-feira, 3, novas medidas econômicas; imposto sobre exportação agrícola poderá ser mantido, diz imprensa local

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Por Luciana Dyniewicz
Atualização:

A crise financeira da Argentina e a desvalorização de 50% do peso neste ano devem levar o presidente Mauricio Macri a eliminar de 10 a 13 de seus ministérios, segundo a imprensa do país. Hoje, o governo Macri tem 19 pastas. A manutenção de impostos sobre exportação de produtos agrícolas – cujo fim era uma das principais bandeiras de Macri – também está na mesa de discussões dessa nova fase do governo argentino.

Macri passou todo o fim de semana reunido com sua equipe na Quinta de Olivos, a residência oficial da Presidência, para fazer a reestruturação do governo e preparar o pacote de novas medidas que será anunciado hoje.

Mauricio Macri, presidente da Argentina, passou o fim de semanareunido com sua equipe Foto: Marcos Brindicci/Reuters

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Do lado econômico, o pacote incluirá um forte ajuste fiscal. Cogita-se também a manutenção do imposto sobre exportações agrícolas. As tarifas haviam sido implementadas pela ex-presidente Cristina Kirchner e o fim delas foi uma das primeiras medidas anunciadas por Macri quando ele chegou à Casa Rosada, em dezembro de 2015, apoiado pelo setor agrícola. Para produtos como milho e trigo, a taxação já foi extinta. Para a soja, vinha sendo retirada gradualmente.

Entre as propostas políticas debatidas no fim de semana, está a conversão dos Ministérios de Ciência e Tecnologia, Cultura, Energia, Agroindústria, Saúde, Turismo, Meio Ambiente, Trabalho e Modernização em secretarias de outras pastas, de acordo com informações dos jornais argentinos. Com o fim dos ministérios, a intenção é cortar o orçamento para 2019, reduzindo o déficit fiscal.

Dois dos três principais assessores de Macri também deverão cair: o secretário de coordenação interministerial, Mario Quintana, e o secretário de coordenação de políticas públicas, Gustavo Lopetegui. Os dois, ao lado do chefe de gabinete, Marcos Peña, já haviam sido chamados por Macri de “seus olhos, ouvidos e inteligência”.

Crise não era apenas um problema cambial

O analista político Sergio Berensztein, afirma que a crise na Argentina se agravou por causa da demora de Macri em reconhecer que não se tratava apenas de um problema cambial, mas de confiança dos investidores e da população. “Essas mudanças no governo deveriam ter sido feitas há dois meses.” Segundo Berensztein, agora, virá uma política de austeridade muito rigorosa e uma alteração no perfil do governo, que terá nomes menos técnicos e mais políticos. “A pergunta é se tudo isso será suficiente para convencer o mercado – que está irritado –, os líderes da oposição – principalmente os governadores (importantes atores no processo de aprovação do ajuste fiscal no Congresso) – e a sociedade.”

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Com altos déficits fiscal e de conta corrente, a Argentina é um dos países mais afetados pela valorização do dólar no mercado internacional. O movimento já obrigou Macri a pedir um socorro de US$ 50 bilhões ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e a trocar parte de sua equipe econômica – anteriormente, caíram o presidente do Banco Central e o ministro da Produção. O Banco Central também acabou elevando sua taxa básica de juros de 27,5% para 60%, a maior do mundo.

Na quarta-feira passada, a situação financeira do País se agravou após o presidente anunciar que havia pedido antecipação da ajuda do FMI. O anúncio foi feito sem detalhamento e acabou mal recebido pelo mercado, o que gerou uma nova corrida contra a moeda argentina

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