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''Madoff não existiria no Brasil''

Regulação impediria o esquema, diz jornal britânico

Por Daniela Milanese
Atualização:

O investidor Bernard Madoff não teria conseguido pôr em prática seu esquema fraudulento de pirâmide no Brasil, afirma o Financial Times na edição de ontem. Segundo o jornal britânico, a regulamentação mais apertada do setor financeiro brasileiro resulta numa atitude cautelosa, mas com efeitos benéficos para a estabilidade do sistema em meio à crise. A reportagem apontando os pontos positivos da regulação do Brasil faz parte da cobertura do FT sobre as novas regras anunciadas ontem pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. "Jamais haveria um Madoff brasileiro", diz o diretor de Novos Negócios da BM&FBovespa, Paulo Oliveira, em entrevista ao jornal britânico. O FT lembra que, em muitos países, os reguladores e as bolsas exigem que as instituições informem somente a posição líquida dos clientes. Mas, no Brasil, as corretoras são obrigadas a passar informações das transações de todos os investidores, identificados por uma conta numerada. "Madoff, que inventava negócios e não era obrigado a apresentar provas, ficaria perplexo", afirma o FT. "Esse é apenas um dos muitos aspectos da regulação no Brasil, que ajudou o país a evitar o pior da crise econômica global." Para o jornal, nem todos os pontos da regulamentação brasileira foram projetados e alguns são resultado da demora para uma modernização antes da crise. No entanto, agora oferecem lições. Um ponto questionável, segundo o FT, são os elevados depósitos compulsórios dos bancos. Enquanto muitos países removeram essa obrigação, no Brasil os compulsórios representam cerca de 30% dos depósitos, um nível "extraordinariamente alto". Mesmo assim, o FT menciona que, quando a crise se abateu sobre o Brasil no ano passado, o Banco Central liberou rapidamente R$ 100 bilhões dos compulsórios para assegurar que os bancos teriam recursos suficientes. O FT cita ainda os elevados juros no Brasil, herança do passado de instabilidade econômica que acabou sendo útil na crise, pois deu espaço de manobra suficiente para o BC reduzir as taxas e estimular a atividade.

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