Tive a honra de ser convidado pelo então candidato eleito a governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, no final de 2002, para fazer a abertura do evento inaugural da sua gestão, para alinhar os primeiros passos do seu governo, num desses encontros em que a primeira sessão aborda o cenário nacional.
Quase 20 anos depois, no ano passado viajei de férias para o interior do Espírito Santo (ES). Ali tive a oportunidade de constatar como aquele episódio tinha sido o primeiro passo de um processo de transformação do ES, então marcado pelo auge do crime organizado e hoje convertido em um Estado modelo, após sucessivas gestões locais de equipes honestas, competentes e com projetos.
Percorrendo o seu interior, é possível ver como 20 anos de bons governos estaduais fazem diferença. A mãe natureza ajuda, mas o ser humano precisa fazer sua parte para haver progresso, por meio de: a) planejamento; b) estradas de excelente qualidade; c) segurança, algo cada vez mais valioso no Brasil; d) ambiente de negócios adequado; e e) cooperação entre Estado e municípios.
Fiz essa introdução para tratar do livro O destino dos Estados brasileiros (Editora Lux), que organizei e acabei de lançar em conjunto com Guilherme Tinoco e Victor Pina, com 12 capítulos (de vários autores), um por Estado, onde mapeamos a realidade das finanças de um conjunto que constitui um amplo mosaico do País. Da leitura do conjunto dos capítulos emergem as seguintes conclusões:
a) nas gestões federais mais recentes, em função do trabalho da equipe da STN, foram tomadas medidas importantes para enfrentar o problema fiscal dramático que os Estados enfrentavam na década passada;
b) a “questão dos Estados” é atualmente um problema restrito a Minas Gerais e ao Rio de Janeiro, enquanto os demais casos se encontram em situação de franca melhora, com resultados visíveis ou tomando medidas para sair da crise;
c) a despesa com pessoal é o grande desafio;
d) os casos de Espírito Santo, Ceará e São Paulo provam que continuidade é fundamental. Ter um bom governo durante quatro anos não transforma um Estado. Vinte anos de boas gestões, sim;
e) o apoio político é essencial. Por melhor que seja a equipe, ela pouco pode fazer, se não tiver o respaldo do poder político para tomar as medidas necessárias; e
f) seriedade fiscal não tem ideologia: o livro dá o devido destaque aos méritos tanto das mudanças em Goiás, sob um governo do DEM; até as boas gestões do PT na Bahia, passando pela melhora notável que Alagoas está experimentando hoje com um governador do MDB.