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Maggi lamenta decisão de Bolsonaro de fundir ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente

Ministro avaliou que a fusão trará prejuízos ao agronegócio brasileiro, muito cobrado pelos países da Europa pela preservação ambiental

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RIBEIRÃO PRETO - O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, lamentou nesta quarta-feira, 31, a decisão do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) de fundir, no próximo governo, a Pasta com a do Meio Ambiente. Segundo a assessoria do ministério, em viagem aos Emirados Árabes Maggi avaliou que a fusão trará prejuízos ao agronegócio brasileiro, muito cobrado pelos países da Europa pela preservação ambiental.

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É a segunda manifestação contrária do ministro sobre o assunto. Durante a campanha, a Coluna do Broadcast já havia antecipado a avaliação de Maggi, quando a proposta ainda não tinha sido ratificada pelo agora presidente eleito.

O atual ministro do Meio Ambiente no governo Temer, Edson Duarte, também disse ter recebido com preocupação o anúncio da equipe de Bolsonaro. Em nota, Duarte ressaltou que o Brasil é o “país mais megadiverso do mundo, tem a maior floresta tropical e 12% da água doce do planeta” e que o ministério tem a função de proteger essas riquezas naturais contra a "exploração criminosa e predatória". O representante do Meio Ambiente ainda alertou que o agronegócio nacional poderá sofrer retaliação comercial por parte dos países importadores se relegar a questão ambiental ao segundo plano.

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi Foto: Dida Sampaio/Estadão

Em comunicado, o Ministério da Agricultura informou que, ao longo dos últimos dois anos e meio, Maggi "viajou pelo mundo divulgando a sustentabilidade do agronegócio brasileiro e cobrando preferência pelos produtos do Brasil por causa dos custos dos produtores em manter reservas ambientais em suas propriedades".

Munido de dados da Embrapa Territorial, o ministro relatou que 66% do território original do País segue preservado "graças à ação dos produtores brasileiros" e o discurso, segundo Maggi, pode ser prejudicado com a fusão das duas áreas.

Outro argumento do ministro é com relação às agendas dos dois ministérios. Segundo ele, as missões são convergentes em alguns pontos, mas, no geral, possuem temas próprios que necessitam de atenção. "Existem muitos fóruns importantes nos quais o Brasil deve marcar sua posição, mas não será possível para um ministro participar de todos sozinho", informou o ministro. Maggi ponderou também que o Meio Ambiente trata de questões em áreas não ligadas ao agronegócio, como energia, infraestrutura, mineração e petróleo, assuntos que seriam de difícil conciliação com a fusão. "Como um ministro da Agricultura vai opinar sobre um campo de petróleo ou exploração de minérios?", questionou

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