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Mailson: Brasil dificilmente enfrentará uma crise

Por Carolina Ruhman
Atualização:

O Brasil reduziu dramaticamente sua vulnerabilidade externa e dificilmente enfrentará uma crise diante do quadro externo através do canal do comércio, destacou o ex-ministro da Fazenda e sócio da Tendências Consultoria Mailson da Nóbrega, durante o seminário Perspectivas da Economia Brasileira - Cenário Doméstico e Crise Externa, na capital paulista. "A crise apanhou o Brasil com o sistema financeiro sólido e fundamentos fiscais sólidos", disse, destacando que, no início das turbulências externas, o País apresenta inflação baixa e estável e tem um Banco Central autônomo e um regime de câmbio flutuante. Para Mailson da Nóbrega, o fato do Brasil ter se tornado um credor externo torna improvável uma crise da balança de pagamentos. Segundo ele, "não faz sentido" a transmissão da crise através da valorização cambial ou da redução do superávit em conta corrente. O economista ressaltou que foi a primeira vez que, após o início de uma crise externa, a taxa de câmbio se valorizou, com o dólar caindo de R$ 1,83 para R$ 1,65 nestes sete meses de turbulência. O Brasil, avaliou, está deixando para trás os fatores que "infernizavam a sua vida", citando a instabilidade política e econômica e a vulnerabilidade externa. O ex-ministro destacou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconhece os riscos da inflação e ressaltou a autonomia do Banco Central, dizendo que o Copom foi capaz de tomar uma decisão recente sobre a taxa de juros "que surpreendeu pelo tamanho". "O Brasil não tem muita saída senão caminhar para consolidar o sistema capitalista no País". Mailson da Nóbrega avalia que o Brasil é cada vez mais um país previsível e destacou as revoluções recentes no crédito e no mercado de capitais, além das restrições ao populismo. Para o ex-ministro, um dos maiores desafios para o País é a retomada das privatizações, principalmente no campo da infra-estrutura. Segundo Nóbrega, o Brasil tem todas as condições para isso: o apetite dos investidores e os recursos. Outro ponto a ser melhorado, destacou, é o avanço nas reforma microeconômicas e a melhora no sistema educacional. Para Nóbrega, falta no País "uma liderança política para operar as novas mudanças". "O presidente Lula é um grande líder popular, mas não é o líder transformador que o Brasil precisa", disse. Ele citou o caso da reforma tributária, que em sua visão, "tem pouca chances de aprovação". Para ele, o processo "já começou mal" com a escolha do relator e ainda restam as duas outras etapas para a aprovação do processo, as negociações com os governadores e a liderança para mobilizá-los.

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