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Maior térmica a óleo do País paralisa 16 de 17 turbinas

Em momento de dificuldade das hidrelétricas, usina Suape 2, em Pernambuco, reduz produção de 381,2 MW para apenas 22 MW

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Por André Borges e Vinicius Neder
Atualização:
Parque eólico no Nordeste: BNDES elevou investimento em 83,3% em 2014 Foto: Werther Santana/Estadão

BRASÍLIA - No momento em que o governo precisa do máximo de energia térmica para poupar os reservatórios das hidrelétricas, a maior usina do País movida a óleo saiu do ar. Uma pane grave ocorrida nas máquinas da térmica Suape 2, instalada em Cabo de Santo Agostinho, no Estado de Pernambuco, paralisou praticamente toda a unidade.

Com capacidade instalada de 381,2 megawatts, suficiente para atender quase 2 milhões de residências, a usina térmica vinha trabalhando próxima de sua carga máxima por determinação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

Desde terça-feira, porém, Suape 2 tem gerado somente 22 megawatts, com apenas uma das suas 17 máquinas em operação. Essa redução de 360 megawatts equivale à metade de toda a energia que o ONS tem deixado de acionar do parque térmico nacional por causa de paralisações de manutenção das máquinas.

Perguntas.

O

Estado

questionou a Petrobrás sobre a paralisação da usina. A estatal reencaminhou as perguntas à Suape Energia, sociedade em que atua ao lado da Savana SPE Incorporadora, empresa controlada por Carlos Mansur.

A empresa informou que "avarias graves" tiraram de operação 3 das 17 máquinas de Suape 2. As panes, ocorridas em novembro, dezembro e janeiro, levaram a uma "ordem de parada" emitida pela finlandesa Wartsila, responsável pelo projeto, construção, montagem, operação e manutenção da térmica.

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"Com a parada das máquinas, os motores da usina estão agora passando por detalhada inspeção, com eventual troca de alguns componentes, com o objetivo de se evitar a repetição daquelas avarias", declarou a empresa.

Cronograma.

Não se trata de problemas simples de serem resolvidos. O cronograma fornecido pela Wartsila, segundo a Suape Energia, aponta que a retomada plena das 17 turbinas só será possível a partir de abril. Até o fim deste mês, a empresa espera que ao menos cinco motores voltem à operação comercial.

As máquinas usadas em Suape 2 estão em atividade desde janeiro de 2013. O consórcio negou que a causa das panes esteja relacionada ao uso intensivo das turbinas. "O atual nível de despacho da usina sempre foi uma condição possível", informou a empresa.

Mansur.

Instalada no Porto de Suape, a usina tem 100% de sua energia vendida para 35 distribuidoras em diversas regiões do País. A planta pertence à Petrobrás, que detém 20% de participação, e ao empresário Carlos Mansur, dono dos demais 80%.

Dono do Banco Industrial do Brasil (BIB), Mansur adquiriu o controle acionário em janeiro de 2013, quando Suape 2 entrou em operação. A fatia de 80% pertencia ao grupo Bertin, empresa que teve de devolver diversas concessões de térmicas em razão de complicações financeiras.

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A geração térmica tem respondido por cerca de 22% do consumo diário de energia elétrica em todo o País. Essas usinas somam uma capacidade total instalada de 22 mil megawatts mas na prática apenas 16 mil megawatts costumam ser efetivamente utilizados, já que restrições operacionais e manutenções afetam diariamente cerca de 5 mil a 6 mil megawatts.

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